Projeto de intercâmbio cultural entre crianças e adolescentes brasileiros, de países africanos, da América Latina e Caribe “Olhares Cruzados”, comemora 10 anos de trajetória com exposição no Espaço Furnas Cultural

Olhares Cruzados – 10 anos apresenta 24 imagens de oito fotógrafos profissionais de seis países e 24 painéis com fotografias, desenhos, entrevistas e reprodução de objetos produzidos por crianças e adolescentes em oficinas lúdicas de fotografia, redação e arte

Challapampa Bolívia. Foto de Andrea D'Amato.
Challapampa Bolívia. Foto de Andrea D’Amato.

O Espaço Furnas Cultural inaugura quinta-feira, dia 17 de setembro, a exposição Olhares Cruzados – 10 anos que apresenta ao público uma retrospectiva que retrata a trajetória, desde 2005 de um projeto de intercâmbio cultural entre crianças e adolescentes brasileiros, países africanos, América Latina e Caribe: o projeto Olhares Cruzados. Idealizado e desenvolvido pela ONG Imagem da Vida, o projeto consiste na realização de oficinas de fotografia e arte com crianças e adolescentes. O resultado é a produção pelos jovens de fotografias e materiais artesanais representativos de sua cultura para serem trocados com outra comunidade em outro país. Dos intercâmbios realizados em 54 comunidades no Brasil e em mais 11 países, foram selecionadas para a exposição projetos de seis países para além do Brasil: Moçambique, Angola, Bolívia, Senegal, Guiné Bissau e Etiópia.

Olhares Cruzados – 10 anos traz 24 fotografias em preto e branco realizadas pelos fotógrafos brasileiros: Ricardo Teles, Andréa D’Amato, José Bassit, Sérgio Zacchi e estrangeiros: o moçambicano Mauro Pinto, o boliviano Fernando Sória, o senegalês Kane Sy e o etíope Yemane Gebresalassie, que acompanharam de perto as oficinas e se inseriram no processo, para poder retratar as imagens com a sensibilidade necessária. A mostra conta ainda com 24 painéis com fotografias, desenhos, entrevistas e reprodução de objetos produzidos por crianças e adolescentes de Angola, Moçambique, Senegal, Mali, Bolívia, Cabo Verde, Guiné Bissau, Etiópia, República Dominicana do Congo, Haiti e Paraguai.

Na abertura da exposição serão exibidos quatro documentários feitos durante os projetos: “Brasil Guiné Bissau”, “Casamance Kalunga”, “Brasil Cabo Verde” e “Brasil Paraguai”.

Os fotógrafos

Kalungas Goiás. Foto de Amadou Kane Sy.
Kalungas Goiás. Foto de Amadou Kane Sy.

Amadou Kane Sy: nascido no Senegal, em 1961, se formou na École Nationale des Arts em 1991. Vive e trabalha em Dakar, Joal e Goree Island. Além de fotógrafo, é um artista multifacetado que trabalha na pintura, instalação, vídeo, desenho, gravura e poesia. Suas obras lidamcom questões sociais contemporâneas. Baseado em Dakar é fundador e diretor artístico do projeto “Portes et Passages”, uma iniciativa que visa a abertura de um centro de arte holística na área rural no Senegal.

Andrea D’Amato – Formada em jornalismo, pós-graduada em fotografia pela FAAP, participou de várias edições do projeto Olhares Cruzados: Na Diversidade, Brasil-Etiópia, Brasil Bolívia, Brasil Moçambique. Especializada em viagens, possui uma carreira sólida como fotógrafa editorial, colabora com revistas como National Geographic Brasil, Viagem e Turismo e outros títulos. Desde 2010 se dedica também a pesquisas no campo da arte, suas investigações abordam a iconografia do seu entorno familiar, uma plataforma para reflexões acerca da memória e afetividades. Em 2015 recebeu o VI Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia: Belém, PA, e foi selecionada para a Projeção Foto em Pauta / Olhavê: Tiradentes, MG e a Leitura de projetos: encontro de foto livros Sesc-SP e La Fabrica-PhotoEspana.

Kembata Etiópia. Foto de Andrea D'Amato.
Kembata Etiópia. Foto de Andrea D’Amato.

Fernando Soria: nasceu em Cochabamba, estudou sociologia e economia agrícola, trabalhou como pesquisador em ciências sociais e como voluntário no campo da educação não formal. Em 1986, inicia-se na fotografia profissional, tendo realizado audiovisuais educativos, calendários, fotografias institucionais e exposições como resultado desse trabalho. Em 1992, ele publicou seu primeiro livro autoral intitulado “Bolivien” editado pelo Sturtz Würzburg na Alemanha. Em 1999, “raízes Bolívia do futuro”, em 2001 e “A paz uma aventura surpreendente e em 2006”.

José Bassit: nasceu em 1957, na cidade de São Paulo. Viajou ao Senegal em 2007 como documentarista do projeto Olhares Cruzados para registrar as oficinas do projeto realizadas na Casamance. Fotojornalista desde 1985 teve suas obras publicadas pelos principais jornais e revistas brasileiros. Entre as principais exposições individuais que ele tem participou: O metrô de Londres, na estação de Santa Cecília Metro, São Paulo (1985); “Por onde anda a fé”, no “Centro Cultural Fiesp”, São Paulo, dentro de meses do Internacional de Fotografia (2001); “Imagens Fiéis”, no “Centro de Estudos Brasileiros em Maputo”, Moçambique (2003); “Cortes Modernos”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo (2004); “Rememorações”, pelo “Espaço Porto Seguro de Fotografia”, São Paulo (2006); “Instalação Cortes Modernos”, em “Sesc Pompéia”, São Paulo (2007); “Imagens Fiéis”, no Museo de los Niños, em San José, Costa Rica (2008).

Terena Mãe Terra. Foto de Fernando Soria.
Terena Mãe Terra. Foto de Fernando Soria.

Mauro Pinto: nascido em 1974 em Maputo/Moçambique onde vive e trabalha já expos em mostras realizadas em Lisboa, França, Brasil e em vários países do continente africano. Vencedor da 8.ª edição do Prémio BES (Banco Espírito Santo) um dos mais importantes reconhecimentos na área de fotografia, apresentou uma série de 12 fotografias captadas no bairro da Mafalala, em Maputo, onde nasceram figuras importantes do país. A mostra itinerou pelos países de língua portuguesa e foi apresentada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2012.

Ricardo Teles: fotógrafo premiado, gaúcho, trabalha em São Paulo nas áreas de documentação e fotojornalismo, com publicações periódicas em diversos jornais e revistas nacionais e estrangeiras, como o Jornal O Estado de S.Paulo, as revistas Der Spiegel e National Geografic Brasil, pela qual recebeu duas vezes o prêmio Best Edit de melhor reportagem internacional (2013 e 2015). No ano de 2013 recebeu o prêmio New Holland de jornalismo e, em 2014, o Sony Awards, na categoria Viagem, com o projeto Rodovia de Grãos. Vencedor do Ayrton Senna de Jornalismo (2003), Martius Staden em 2000, Bolsa Vitae de Artes em 1998 e Prêmio Estímulo de Fotografia em 1994.

Ousuye Senegal. Foto de José Bassit.
Ousuye Senegal. Foto de José Bassit.

Sérgio Zacchi: nasceu em 1979 em Ilhéus, Bahia, e trabalha em São Paulo. Começou a trabalhar como repórter fotográfico no Jornal Folha de São Paulo. Passou pelas redações de diversas revistas da Editora Abril, quando foi contratado pelo Jornal Valor Econômico, onde trabalhou por três anos, quando decidiu tornar-se autônomo.

Yemane Gebrasalasie: um dos mais renomados fotógrafos etíopes e residiu em Milão na Italia por muitos anos onde desenvolveu sua carreira de fotógrafo, retornando a Etiópia ha alguns anos desenvolveu um trabaho autoral de registro dos bairros populares de Adis Abeba que vem sendo desalojados frente ao boom imobiliário decorrente do forte desenvolvimento econômico por que vem passando aquele país. Veio ao Brasil em 2013 para participar do projeto Olhares Cruzados Brasil Etiópia.

O projeto

Olhares Cruzados nasce em outubro de 2004, por iniciativa da arquiteta Dirce Carrion, numa proposta de aproximação cultural com os povos africanos. Nele, crianças e adolescentes de comunidades tradicionais iniciam um rico processo de resgate da memória local e compartilhamento com populações irmãs do outro lado do oceano. Assim ocorrem as primeiras edições: Brasil África – Angola e Moçambique, Brasil-Haiti, Brasil-Senegal, Brasil-Congo RDC, Brasil Bolívia, Brasil-Moçambique.

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Nessa investigação da própria história, a troca de olhares acontece em duas vias: entre as crianças e adolescentes com as gerações anteriores, que transmitem seus saberes tradicionais; e atravessando os oceanos, entre populações que descobrem afinidades a quilômetros de distância. Com o passar dos anos, a metodologia de Olhares Cruzados se mostra muito mais frutífera. A partir da 7ª edição – Olhares Cruzados Brasil- Guiné Bissau – as crianças introduzem as entrevistas com as pessoas importantes para as suas comunidades, e os registros das oficinas, como nos demais são convertidos em livros que contam a trajetória das comunidades, por meio das histórias das pessoas que preservam a cultura e que lutam pela própria sobrevivência e a de seus povos.

A valorização das lideranças locais é outro pilar que se destaca no projeto. Nas atividades, as personalidades mais importantes para aquele microcosmo social são homenageadas pelos participantes. Seu depoimento é registrado com toda a admiração e a gratidão das novas gerações. O projeto também contribuiu para a realização da primeira Aty Guasu de Crianças e Adolescentes do Brasil, instrumento fundamental de mobilização dos jovens Guaranis Kaiowá.

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Com a parceria de Secretarias de Educação, de escolas e outras entidades de ensino, desenvolvem materiais didáticos e promovem a formação de professores, contribuindo com a educação em direitos humanos no Brasil. Em Santana de Parnaíba, o projeto Olhares Cruzados Brasil Cabo Verde mobiliza educadores de todo o município a trocarem olhares e metodologias para tratar a temática em aula.

Madrinha de um projeto tão precioso, que já envolveu mais de 1600 crianças no mundo inteiro em 11 países para além do Brasil, Dirce Carrion é agraciada com a Comenda da Ordem do Rio Branco pelo presidente Lula em 2010, e com Menção Honrosa do Prêmio Direitos Humanos 2013. Em 2014, é selecionada para finalista na categoria Trabalho Social pelo Prêmio Claudia, a maior premiação feminina da América Latina.

Exposição Olhares Cruzados – 10 anos

Espaço Furnas Cultural

Patrocínio: ELETROBRAS FURNAS

Curadoria: Dirce Carrion

36 fotografias de 54 x 74 preto e branco e 24 painéis com fotografias, desenhos, entrevistas e reprodução de objetos produzidos por crianças e adolescentes em oficinas lúdicas de fotografia, redação e arte.

Fotos de fotógrafos brasileiros: Ricardo Teles, Andréa D’Amato, José Bassit, Sérgio Zacchi e estrangeiros: o moçambicano Mauro Pinto, o boliviano Fernando Sória, o senegalês Kane Sy e o etíope Yemane Gebresalassie.

Vernissage: quinta-feira,17 de setembro, 19 horas

Exposição: de 18 de setembro a 29 de novembro
Rua Real Grandeza, 219 – Botafogo – Rio de Janeiro, RJ

Visitação: de terça-feira à sexta-feira, das 13h às 18h e sábado, domingo e feriado, das 14h às 19h.

Tel: 2528-5166 (segunda a sexta, das 9h às 17h) / espacofurnascultural@furnas.com.br

www.furnas.com.br/frmSOCulturaECEF201505a08.aspx

Grátis

Informações importantes:

Para acesso ao Espaço Cultural, é necessária a apresentação de documento com foto.
A entrada de pessoas trajando bermudas e sandálias é permitida somente nos finais de semana.

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