A Anacã Cia de Dança põe foco no jazz e estreia EleEla, com direção de Edy Wilson, no Teatro Alfa

Na década de 1980, o jazz teve sua explosão e auge como linguagem de dança no Brasil;
hoje a técnica é a base dos musicais

Anacã Cia de Dança – Foto: Ronaldo Winter Caracas.
Anacã Cia de Dança – Foto: Ronaldo Winter Caracas.

Em cena, a coreografia EleEla subverte logo de início: é a mulher que nasce do homem em um espetáculo que versa sobre o amor; em cena um pas de deux ao som de um solo de sax, com movimentos repletos de jazz

Se a Anacã Cia de Dança está engatinhando em seus primeiros passos – EleEla é seu segundo trabalho, o primeiro foi Principiar em junho de 2013 – seus dirigentes, juntos, somam 75 anos de trajetória profissional dedicada à dança. Não é pouco. Com direção do coreógrafo Edy Wilson e direção geral de Helô Gouvêa, EleEla coloca o jazz no foco e o resultado poderá ser visto no novo espetáculo que a companhia estreia dia 29 de outubro de 2015, no Teatro Alfa (R. Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro, São Paulo).

Para falar de amor, Edy inicia o espetáculo subvertendo a ciência: é a mulher que nasce do homem, e não o contrário. Daí surgem as cenas que permeiam o espetáculo sobre o amor ideal e da (falsa) ideia do príncipe/princesa encantado (a) que bate à porta. A partir de um conto de Moisés Vasconcelos, Edy Wilson criou 11 cenas acerca da diversidade de elos estabelecidos entre os gêneros masculino e feminino, em como cada um conceitua o amor. Para concretizar a ideia no palco, Edy convidou Úrsula Félix para criar o figurino, Raquel Balekian para a luz, Divanir Gattamorta na música e Lucas Simões na cenografia.

A Anacã Cia de Dança – Edy Wilson E Helô Gouvêa

Helô Gouvêa e Edy Wilson são os dois artistas responsáveis pela ‘criança’ Anacã, que completa três anos de vida em 2015 (sua fundação foi em agosto de 2013). Ambos trilharam caminhos diferentes na dança, mas a partir de 2012 uniram-se para criar a companhia que colocaria o jazz na pauta da dança novamente. Assim nasceu a Anacã Cia de Dança, que abraçou o jazz como linguagem-motriz e é composta atualmente por 16 bailarinos jovens, com idade média entre 20 e 23 anos. Além dos artistas que compõem o grupo, há 40 alunos bolsistas que integram o projeto.

Com 30 anos de carreira profissional, Edy Wilson teve sua primeira experiência profissional em Assis, com Charlie Linhares, quando integrou o Corpo de Baile Municipal da cidade. Nessa cidade também graduou-se em Educação Física, o que foi bastante importante para seu amadurecimento corporal. Em 1993, viajou pela primeira vez ao Festival de Dança de Joinville quando conheceu Roseli Rodrigues (1955-2010), coreógrafa da Raça Cia. de Dança e referência no desenvolvimento de uma linguagem brasileira de jazz dance, marcada pela criação de obras que apostavam na polirritmia e na orquestração de grandes grupos. Com ela Edy montou coreografias, ganhou prêmios e em paralelo, atuou como preparador corporal dos atores dos musicais “Vitor ou Vitória” (2001), estrelado por Marília Pêra e dirigido por Jorge Takla, e “Godspell” (2002), dirigido por Miguel Falabella, além de ter participado de montagens de vários shows pelo Brasil.

Com suas obras autorais, Edy conquistou prêmios de melhor coreógrafo em importantes eventos como o Passo de Arte (2001) e o Festival de Dança de Joinville (2006), o que lhe garantiu uma participação na Bienal de Dança de Lyon, na França. “Tive uma influência muito grande da dança contemporânea, mas isso veio do próprio jazz, que permitia a criação de um movimento a partir de outro, ou seja, você nunca precisava imitar ou reproduzir o mesmo movimento sempre. Assim meu jazz ficou um pouco contemporâneo”, avalia o coreógrafo que, no ano seguinte, estreava Principiar, seu primeiro trabalho à frente do novo grupo, e agora está envolvido na criação de EleEla.

Anacã Cia de Dança – Foto: Ronaldo Winter Caracas.
Anacã Cia de Dança – Foto: Ronaldo Winter Caracas.

Helô Gouvêa completa em 2015, nada menos que 45 anos de dedicação à dança. Sua paixão pelo jazz veio junto com seus anos de intercâmbio com os mestres americanos, nos meados do anos 1970 e 1980, quando viajava aos EUA e trazia para o Brasil as novas técnicas difundidas pelos professores de lá. Assim foi com Lennie Dale (1934-1994), ex-dançarino do mestre da Broadway Jerome Robbins (1918-1998) e criador do lendário grupo Dzi Croquettes. Helô, nessa época, viajou por inúmeros estados brasileiros criando escolas, dando aulas, compartilhando a técnica que alimentava sua alma: o jazz.

Helô teve professores e parceiros de aula ilustres – e ícones de suas gerações – como Renée Gumiel (1913-2006), Kitty Bodenheim (1912-2003), Klauss Vianna (1928-1992), Joyce Kermann (1955-2006), Mônica Japiassú, Ruth Rachou, entre outros grandes nomes. Na turma com Renée, era a caçula nas aulas em que que os alunos eram Thales Pan Chacon (1956-1997), Ivaldo Bertazzo e Célia Gouvêa. Anos mais tarde deu aulas para a atriz Claudia Raia e para a empresária Ana Maria Diniz, hoje sua sócia no Estúdio Anacã, escola profissional que reúne mais de mil alunos em aulas disputadas, atualmente em duas unidades paulistanas: uma na Avenida Brasil e outra na Avenida Henrique Schaumann.

Sobre EleEla

Logo de início, o coreógrafo apresenta sete casais para representar um nascimento às avessas: em vez de ser da mulher que nasce o homem, é do homem que nasce a mulher – uma alusão ao mito de Adão e Eva, que inaugura as possibilidades de relação entre homens e mulheres. Na visão de Edy Wilson, a atração é o que norteia desde o princípio esses dois indivíduos.

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Existe um homem ou mulher ideal para cada pessoa? O coreógrafo quer desconstruir a ideia do príncipe encantado que bate à porta.Do jogo de sedução às promessas de amor eterno, dos olhares ao desejo, da Cinderela às farras amorosas e sexuais; todas essas fases são atravessadas pelo amor, pelo arroubo do sentimento, mas vividas e sentidas diferentemente por cada um dos gêneros. “A ideia do ‘príncipe’ ou ‘princesa’ ainda é atual para muita gente. Existe um homem/mulher ideal na cabeça das pessoas, mas as buscas por essa metade idealizada frustra, porque não se concretiza nunca”, explica o coreógrafo.

“Todos eles sentem o mesmo desejo, mas com intensidades diferentes. Quero mostrar outras nuances de atitudes de desejo”, diz Edy Wilson. O início do espetáculo também apresenta o vocabulário de movimentos com os quais vai trabalhar dali em diante, como a dança jazz sendo pontuada em meio à construção de uma cena absolutamente contemporânea.

A partir daí, o coreógrafo passeia por diferentes formações, entre solos, duos e trios e, especialmente, conjuntos para explorar temas como a dualidade entre homem e mulher, os jogos de sedução entre essas duas figuras, a sensualidade, a ilusão e a ingenuidade do amor romântico. “Dessa vez irei para outra estrutura, diferente do que ocorreu em Principiar onde há mais solos duos, trios… Agora construirei as cenas com mais conjuntos”, explica.

O figurino desenvolvido por Úrsula Félix se alinha com essa concepção. Por mais de dez anos ela atuou como diretora criativa do ateliê de Tânia Agra, que, além de sua mãe, é uma das mais conceituadas figurinistas de trajes de balé clássico do país. Para EleEla, Úrsula desenvolve um design que migra gradualmente, a cada cena, de tons terrosos para tons quentes, com destaque para os sapatos de salto que as bailarinas ostentam nos pés – um ícone jazzístico por excelência.

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Conhecido por seu trabalho na criação de músicas voltadas para dança contemporânea, o músico Divanir Gattamorta, do Departamento de Artes Corporais da Unicamp, se arrisca pela primeira vez na composição para uma obra de dança jazz. Ao misturar influências, ele trilha um caminho nada óbvio para o gênero, desafiando o ouvido dos bailarinos, convocados por Edy Wilson a imprimirem suas individualidades em cada movimento.

Anacã Cia de Dança – Foto: Ronaldo Winter Caracas.
Anacã Cia de Dança – Foto: Ronaldo Winter Caracas.

ANACÃ CIA DE DANÇA

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Em 2012, Helô Gouvêa e o coreógrafo Edy Wilson se encontraram durante o Passo de Arte e o Festival de Dança de Joinville, no qual atuaram como júri e professores. Edy havia acabado de se desligar da Raça Cia de Dança, onde atuava como diretor. Conversa vai, conversa vem, Helô fez o convite para que ele e sete bailarinos pudessem trabalhar e ensaiar no Estúdio Anacã, inaugurado por ela dois anos antes em sociedade com Ana Maria Diniz. Surgia assim a pedra fundamental da Anacã Cia. de Dança.

Logo veio a ideia de montar um espetáculo, Principiar, que estreou em junho de 2013 fazendo uma reflexão justamente sobre o início desse novo rumo nas carreiras de Edy, Helô e dos bailarinos. A assinatura coreográfica que seria buscada já se anunciava nesse momento.

Os apoios conquistados nesses primeiros passos são frutos de uma dinâmica singular que a companhia construiu para si ao se instalar em uma escola de dança frequentada por mais de mil alunos divididos em duas unidades, o que tem se revelado positivo tanto para o grupo quanto para o próprio estúdio. Há ainda outro braço da Anacã dedicado à formação técnica. Além de seus 12 bailarinos e 4 estagiários, a companhia oferece aulas gratuitas a 40 talentos escolhidos via audição que podem assim vivenciar um pouco da rotina de trabalho de um profissional de dança e se especializar para o mercado de trabalho.

Recentemente, a convite da Secretaria de Cultura do Estado, realizou uma circulação pelo interior de São Paulo, nas cidades de Regente Feijó, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulistas, Ibitinga, Jaú e Agudos, dentro do Circuito Cultural Paulista 2015.

Agora com o patrocínio do Itaú, a companhia se prepara para a estreia de sua segunda obra, EleEla.

Ficha Técnica

Direção Executiva: Ana Maria Diniz
Direção Geral: Helô Gouvêa
Direção Artística e Coreografia: Edy Wilson De Rossi
Maitre de Ballet: Eduardo Bonnis
Trilha Sonora: Divan
Designer de Luz e Direção Técnica: Raquel Balekian
Cenografia: Lucas Simões
Figurinos: Ursula Felix
Texto: Bruna Martins
Fotos: Ronaldo Winter Caracas
Designer Gráfico: Charles Camargo
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Coordenação de Mídia: Massaini Cultural
Coordenação de Projetos: Ponto de Produção
Coordenação de Marketing: Warley Alves
Produção: Elinah Jacqueline
Elenco: Alexssandro Silva – Carolina de Sá – Camila Carolina – Daniela Correa – Fernanda Salla – Janaina de Oliveira – Jéssica Fadul – Jonatha Martins – Karine Miranda – Letícia Alfenas – Lindemberg Marques – Michael Martins – Paulo Victor – Rafael Luz – Rafael Trevisan – Thaynara Gomes.

Patrocínio: Banco Itaú / Ministério da Cultura
Apoio: Estúdio Anacã, Sociedade de Patronos, Só Dança, Ponto de Produção, Canal Aberto, Massaini Cultural, Instituto Alfa.

Serviço

EleEla, da Anacã Cia. de Dança
Dias 29, 30, 31 de outubro e 01 de novembro de 2015
Teatro Alfa – R. Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro, São Paulo – SP, 04757-000
Telefone: (11) 5693-4000
Duração: 60 minutos
Horários: Quinta feira às 21h00, sexta feira às 21h30, sábado às 20h00; domingo às 18h00.
Data para início de vendas: 01.10.15
Lotação: 1.110 lugares
Valor dos Ingressos
Plateia I: R$80,00 (oitenta reais); Plateia II: R$80,00 (oitenta reais); Balcão I: R$60,00 (sessenta reais); Balcão II: R$60,00 (sessenta reais).
Vendas Ingresso rápido
Aceita cartão de credito – Não aceita cheque

Classificação: 12 anos

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