Exposição Gente de Papel – A arte em papel machê de Madalena Marques, por Edmundo Cavalcanti

Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.
Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.

Curadoria de Ana Claudia Cermaria & João Paulo Berto

Visitação de 06.04 a 03.06.2019

Local: Museu Arte Sacra – Metrô Estação Tiradentes/Sp

Papel machê (palavra originada do francês papier mâché, que significa papel picado, amassado e esmagado) é uma massa feita com papel picado embebido na água, coado e depois misturado com cola e gesso. Com esta massa é possível moldar objetos em diferentes formatos, utilitários e decorativos, entre outras.

A arte do papel machê se desenvolveu na China, por volta de dois séculos antes de Cristo, e também em regiões das antigas Pérsia e Índia.

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Na Europa, o papel machê foi utilizado para criar objetos decorativos primeiramente na França e depois na Inglaterra. Na Itália, a massa era utilizada na execução das famosas máscaras do Carnaval, em Veneza. Na Noruega foi construída uma igreja toda feita em papel machê, e que durou 37 anos em ótimas condições, tendo sido demolida posteriormente.

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Objetivos da Exposição

O objetivo é apresentar uma mostra de artes visuais (escultura), contendo 50 mini bustos que homenageiam artistas brasileiros que se destacaram ou se destacam das mais variadas áreas: música, filosofia, estilismo, teatro, artes visuais etc . e 9 musas de todos os tempos em tamanho real na técnica papel machê e/ou papietagem mista, similares às imagens ligeiras, ou imagens de vestir do séc XVI ao XVIII, mais uma escultura auto-retrato da artista.

Através de fotos e muita pesquisa, criou-se um mini busto singular papel machê medindo (AxLxP): 15x7x7 cm aproximadamente, todos adaptados em um cubo de madeira de 7 cm de lado, os figurinos são em tecido e confeccionados sem uso de colas.

Estes Pequenos gigantes brasileiros não serão nomeados, pois a adivinhação é um dos prazeres que se pretende com a mostra.

As dez Musas:

Metodologia: Foi tirado o molde com gesso de alguns rostos, mãos, peitoral, pernas e pés de alguns modelos parecidos fisionomicamente com as musas e estes moldes foram preparados para produzir 10 imagens em papel machê usando técnicas e materiais mistos e sustentáveis, em tamanho real e de corpo inteiro de algumas telas famosas desde a renascença até o Brasil da arte moderna(marco de um novo conceito e formas de se fazer arte).

Foram seguidos os conhecimentos adquiridos no curso de Restauração e Conservação do Museu de Arte Sacra de São Paulo(módulo papel machê), cujas técnicas fundamentam-se na produção de imagens leves dos séculos XVI ao XVIII, dando-se uma leitura contemporânea.

O figurino utilizado nas vestes destas bonecas/imagens foi pesquisado devidamente, e são fiéis aos modelos.

Materiais utilizados: fotos, filtro de café descartado, cola PVA, gesso, vaselina, goma laca, água, jornais velhos, papelão, madeira, cola animal, gesso cré, carbonato de cálcio, policromia em têmperas, verniz damar, tecidos e aviamentos, manta acrílica, lãs e cordões.

São estas mulheres, começando do renascimento até o séc. XX:

Monalisa – Leonardo da Vinci

A moça do brinco de pérola – Wermer

American Gothic(a mulher) – Grant Wood

Frida Kallo – Auto Retrato

N. Sra do Carmo – Cândido Portinari

Tarsila do Amaral – Auto retrato

Samba(a mulher) – Di Cavalcanti

Maria Celina Hermeto – Guignard

Adele Block-Bauer´s Portrait – Gustav Klimt

“Pretende-se com esta mostra, apresentar ao público em geral, um trabalho artístico realizado com a técnica papel machê utilizando materiais sustentáveis, versáteis e com uma qualidade similar à desenvolvida pelos grandes mestres e que apresentam um resultado plástico muito parecido com as imagens de madeira policromada, vencendo um desafio de valorizar esta técnica no mundo artístico mostrando as possibilidades que ela apresenta.

Associa-se a isto a vontade de conduzir as pessoas através de um passeio pela história da arte, refletindo sobre o papel da mulher neste trajeto histórico.

Por fim o desejo de apresentar a ARTE como aglutinante de pessoas num ambiente onde a beleza, o humor e o talento sejam sentidos por todos.

Este projeto é fruto de uma superação pessoal que eu gostaria de ver divulgado para que as pessoas vejam a arte que é possível fazer com dedicação, amor e a vontade de mudar nosso pequeno universo interior.

Sobre a exposição Gente de Papel, no MAS-Museu de Artes Sacras de São Paulo- na sala do metrô Tiradentes

São 66 peças feitas com papel, seja com massa ou papietagem, 10 em tamanho real que são musas de quadros famosos, 49 mini bustos, de 15 cm que faço para homenagear os vários artistas de todas as áreas e que me deixam feliz durante o processo de fatura e 7 personagens conhecidos mundialmente por amor ao próximo.

Nenhuma peça está à venda.

“A exposição já é recorde de público e isto muito me alegra, pois percebo que valeu à pena cada segundo, a reação dos visitantes é de leveza e alegria…”

“Madalena Marques”

A artista

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Nasci em uma família pobre, no interior do triângulo mineiro, em Uberlândia e vivi minha infância em Monte Carmelo, a quarta de 5 filhos. Minha mãe era bordadeira e costureira e ensinava bordar à máquina e meu pai trabalhava na Rede ferroviária, como os recursos eram poucos, não tínhamos brinquedos comprados, criávamos nossos próprios bonecos com restos de fios de arame encapados que meu pai trazia para casa, associávamos com as roupas dos retalhos que sobravam das costuras de minha mãe e brincávamos de criar cenários pelo quintal com estes pequenos bonecos de arame.

Todas nós aprendemos ainda crianças o ofício de bordadeiras, isto que eu me lembre foi o primeiro contato com a arte. Aprendi com minha mãe a observar os detalhes do ambiente em que vivo, uma pequena flor na beira da estrada, pássaros coloridos… assim foi que comecei aos 15 a pintar camisetas com fotografias de artistas.

Aos 17, fui para Uberlândia, onde trabalhei como bordadeira em uma confecção, ilustradora em um jornal local.

Fiz meu primeiro retrato em grafite aos 18 anos, faculdade de artes plásticas na UFU e participava de feiras culturais onde fazia croquis de fisionomia. Assim consegui trabalhar como arte finalista na TV Triangulo, afiliada da Rede Globo de Televisão, depois fui para a Paranaíba onde fazia a produção de comerciais, desde a criação até a veiculação dos mesmos.

Em 1994 vim para São Paulo, casei, fiz pós graduação na ESPM, mas de novo tive de optar por trabalhar e garantir meu próprio sustento. Então a arte se tornou um hobbie pra mim, a princípio tapeçaria, tricô, pintura realista em telas, com o tema jabuticabas, mas ainda não era o que eu queria, acho que no fundo o desejo de associar todos os conhecimentos era maior…

Minha filha por volta dos 10 anos gostava de cosplays e eu produzi muitas peças em papietagem e papel machê para este fim.

Quando minha mãe(que morava conosco) se foi, ficou um vazio e era preciso produzir algo diferente, que me deixasse feliz. Iniciei meu projeto com os artistas nacionais, porque amo meu país e suas brasilidades… Gosto da nossa música regional, da nossa poesia, enfim, fazer uma miniatura de alguém que eu escolhi porque gosto é alimentar minha alma de energia, é a minha forma de expressar o meu amor à este universo… Acho que este é o papel da minha arte, trazer alegria aos corações de quem vê…

Conheci o Museu de Arte Sacra e comecei um curso de restauração e Conservação em papel machê, curso este que me deu as ferramentas que eu necessitava para aprimorar minhas obras. A associação entre as diversas áreas do conhecimento são a verdadeira essência desta técnica.

Mergulhei de cabeça nas pesquisas e me inspirei nas obras sacras do séc XVI ao XVIII da imagineria ligera (imagens leves) para compor esta exposição. Acho que a mostra tem vários significados pra mim e gostaria que assim fosse também pra quem vê, existe um caráter experimental nítido nos diferentes tipos de acabamento, mostrando as possibilidades de cada material utilizado. A escolha das personagens foi feita por uma pesquisa das obras mais famosas de todos os tempos e algumas brasileiras, eu gosto da riqueza de detalhes dos retratos renascentistas, além de coincidir com a época das imagens leves, ou o uso de papel machê em esculturas.

Os desafios são meus propulsores, quero a todo momento expandir meu horizonte, pois acredito que somos seres em caminhada pela evolução, assim sou exigente comigo, minha maior dificuldade nesta área foi com certeza, o exercício da paciência… sempre fui imediatista, começava tinha que acabar numa sentada, mas esta técnica tem tantas etapas e tempo de seca, que ou você desenvolve a paciência ou sai de cena.

Não existe uma obra específica que eu admire mais, mas as mais difíceis, que são mais elaboradas e exigem um empenho maior com certeza me deixam mais apaixonada no final.

Eu escolhi representar a figura humana, por várias razões, a expressão dos olhos é uma coisa vibrante, cada ser é único e reproduzir estas expressões é como fotografar a alma delas, me realizo bastante quando consigo um bom resultado no que faço e ouvir isto de quem é representado então…

O que eu quero com esta mostra é justamente oferecer aos visitantes um pouco desta minha alegria de produzir algo tão grande, que exigiu uma dedicação quase total por exatamente 1 ano de trabalho. Quero que minhas esculturas femininas tragam algum tipo de reflexão sobre o papel feminino na história da nossa evolução, que estando diante se tenha a impressão de que elas estão vivas e dando um recado…

Quero que a leveza seja subliminar, que a brincadeira a criatividade e o conhecimento artístico sejam despertados com a minha contribuição.

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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: cavalcanti.edmundo@gmail.com

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