“Fernando Priamo e a fotografia do amanhã” por Edmundo Cavalcanti

Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.
Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.

Fernando Priamo vive a ideia de um mundo sem fronteiras. Por onde caminha, consegue viajar sem consultar mapa, é como se rebobinasse um filme de viagem. A cada partida, volta com mais 15 mil fotos em sua mala. “​A FineArt sou eu​”, diz o fotógrafo contemporâneo ítalo-brasileiro e mineiro. Sua motivação ao clicar vem da vontade de ter sido um grande pintor. Enxerga telas nos enquadramentos por detrás das lentes que lhe apresentam o mundo. É a partir dali que sente, se emociona e tenta ao máximo romper o abismo entre o real e sua representação. Priamo quer uma paleta de cores tão completa quanto as da Capela Sistina, e se movimenta acompanhando a inquietude e em direção da luz característica nos quadros de Caravaggio. ​“A perseverança de Monet, em sempre pintar seu jardim, me fascina”, comenta rememorando uma de suas séries de fotografia em homenagem ao artista impressionista.

Enquanto fotografa, tenta captar não o instante, mas o amanhã. Quer que sua arte esteja sempre à frente do tempo presente, e que possa fazer sentido mesmo se passarem muitos anos. Ao compor uma imagem, busca por uma visão global, gigantesca, e é dessa maneira que acredita nascer uma boa fotografia. ​“Eu sou muito pequeno em relação ao que eu faço. O trabalho que eu desenvolvo está além da minha capacidade simples. E eu nunca faço sozinho. Mas estas coisas são subjetivas demais para compreender, é preciso sentir”. ​Fernando e sua espiritualidade andam juntos quando sai em busca de uma foto. ​“Coisas estranhas me acontecem, como se alguém me mostrasse, me chamasse para um olhar”.

Fernando Priamo é Fotógrafo.
Fernando Priamo é Fotógrafo.

Uma máquina de fotografar em cima de uma máquina fotográfica, assim define sua cabeça que recebe estímulos a todo o tempo. Não consegue viver sem congelar momentos de seu dia. Os pensamentos ruidosos encontram tranquilidade no barulho da cidade, embora às vezes recorra à música em seus fones de ouvido, ou concentra-se naquela trilha que toca ao fundo do local em que está posicionado com sua câmera. A primeira delas comprou logo na época em que cursou fotografia, em São Paulo, uma Zenit, Russa, a profissional mais acessível do mercado para o até então estudante. Na época, a fotografia de moda lhe servia como território para imersão, colecionava desde criança recortes desta editoria e também de revistas National Geographic, enquanto pensava: ​“Como é possível alguém ter feito esse registro de paisagem?”​. Atualmente, a pergunta volta-se para ele: ​“Qual é a beleza que faz Priamo ficar de joelhos para o mundo?”

Reluta ao preto e branco porque ama cores, embora tenham séries específicas que evocam as muitas tonalidades de cinzas que estão entre os dois abismos, um exemplo é seu trabalho sempre em andamento que faz enquanto assiste as rodas das bicicletas das garotas girarem. Prefere datas nubladas à dias ensolarados, porque é na paisagem cinza que as cores saltam para fora. Se fosse escritor, seria de muitas palavras, te interessa o cheio, o caos, a sobreposição, e principalmente, em como vai criar um só arranjo a partir de tantos elementos disponíveis no seu campo de visão. É na pintura, principalmente, dos italianos, que mais aprende sobre composição.

As fotografias que não se mostram 90% prontas em sua câmera, são deletadas. Até em termos de luz, Priamo puxa mais saturação e contraste quando a imagem pede, ou gera mais palidez e capta tons pastéis quando quer. O trabalho de edição segue quase a mesma lógica de quem trabalha utilizando recurso analógico.

Fotografa com os dois olhos arregalados para o mundo. Não cerra as pálpebras para não prender sua visão aos limites da lente. Enquanto um opera no visor, o outro olho está atento ao entorno, antecipando o que pode acontecer e acabar entrando no campo da lente. “Eu posso esperar um elemento entrar no campo de ação, e pará-lo, e com isso, não perder a foto”.

A fotografia é sua alegria, mas não só. Já passou momentos catárticos fotografando, como quando viajou​ ​para Auschwitz e visitou o campo de concentração. Fotografou o tempo inteiro em um processo intenso. ​“As pessoas quando veem as minhas fotos, elas olham para um lugar triste, mas não conseguem acessar o que se passa na minha cabeça. Neste choro está todo meu sentimento, eu via tudo embaçado”.

Fernando Priamo reconta sua vida a partir do que seu olhar alcança. A fotografia lhe deu tudo, inclusive a capacidade de causar uma ruptura no espaço-tempo. “​Sou eu tirando pedacinhos do espaço e colocando em uma tela, que vai para uma galeria na intenção de se perpetuar por anos. ​Quando a obra chega a este estágio, Priamo acredita que o artista sai de cena, e a obra ganha vida própria. Em uma relação mental, é como se a obra fosse o subconsciente, a obra é tudo, e seu autor, o consciente.

Por Carime Elmor (jornalista)

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ENTREVISTA

1- Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas fotos?

Meu processo de produção começa efetivamente na década de 1990, quando inicio o curso de fotografia, em São Paulo. Antes disso, meu trabalho era especificamente experimental, sem embasamentos técnicos; apenas fruto do meu talento nato.

2- O que a fotografia representa para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado da fotografia na sua vida?

Posso resumir a fotografia da seguinte forma: a fotografia sou eu e eu sou a fotografia.

3- Você tem outra atividade além da arte? Você dá aulas, palestras etc.?

Não. Sou fotógrafo em tempo integral.

4- Suas principais exposições nacionais e internacionais e suas premiações?

Exposições individuais:

– 2006 “Um olhar na sexta, sem cerimônia”, local: CCBM/Juiz de Fora;

– 2012 “Itália de corpo e alma”, local: CCBM/Juiz de Fora;

– 2013 “Retratos de Auschwitz, a arte em busca da paz”, local: CCBM/Juiz de Fora;

Além das exposições individuais, Fernando Priamo participou de várias exposições coletivas.

Principais prêmios:

– 1° lugar no Concurso Nacional Festas e Folias em Minas, realizado pelo Portal Descubra Minas – Senac/MG, 2006;

– Duas Menções Honrosas no Concurso Nacional Clique Turismo, realizado pelo Sesc/MG, 2008;

– Menção Honrosa no Concurso Nacional Prêmio Nordeste de Fotografia, realizado pelo Grupo Nordeste/PE, 2008.

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5- Seus planos para o futuro?

Pretendo expor e mostrar meu trabalho nos grandes centros urbanos do Brasil e do mundo, fazendo com que minha fotografia torne-se atual mesmo daqui a 100 anos.

6- Em sua opinião qual é o futuro da arte brasileira especialmente a fotografia e dos seus artistas? (no contexto geral) e porque tantos artistas estão dando preferência em mostrar seus trabalhos em exposições internacionais apesar dos altos custos?

A fotografia brasileira está em um momento de ascensão e atraindo olhares de todo o mundo. Contamos com artistas das mais variadas formas de fotografia, com olhar diferenciado e particular. Apesar dos altos custos em exposições internacionais, esse mercado, além de valorizar a fotografia como arte, dispõe de recursos financeiros para absorver esses trabalhos.

7- Tenho percebido que algumas galerias tradicionais estão encerrando as atividades. Os artistas estão dando preferência para expor em Espaços Culturais. Em sua opinião qual seria a causa?

Devido aos altos custos impostos às galerias, muitos empresários do ramo optam por não ter portas abertas, fruto de um aperto econômico pelo qual passa o mercado brasileiro. Já em espaços culturais, existem incentivos fiscais e leis de incentivo à cultura (municipais e estaduais) que estimulam essa demanda.

Website: Em produção

Facebook: Fernando Priamo

Instragram: @fernandopriamo

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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: cavalcanti.edmundo@gmail.com

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1 comentário em ““Fernando Priamo e a fotografia do amanhã” por Edmundo Cavalcanti”

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