Flooded Modernity: a casa inundada de Asmund Havsteen-Mikkelsen

Como crítica à sociedade moderna, a obra exibe Villa Savoye parcialmente submersa

Exibida no festival Floating Art 2018, na cidade de Vejle, na Dinamarca, a obra Floating Modernity, do artista Asmund Havsteen-Mikkelsen, apresenta a famosa obra modernista de Le Corbusier, Villa Savoye, parcialmente submersa. A obra resgata princípios fundamentais do uso da arte como ferramenta para a crítica social.

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“Meu trabalho é um comentário crítico sobre o presente, uma tentativa de chamar a atenção para a importância da modernidade e para a forma como vamos lidar com seu legado”, afirma Havsteen-Mikkelsen.

Segundo o artista plástico, os eventos geopolíticos dos últimos anos foram e ainda têm sido intensamente afetados pelo avanço das mídias digitais. Essa interferência, que melhor se manifesta na manipulação de decisões políticas e democráticas, desafia as noções clássicas da modernidade.

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Para traduzir esse conceito visualmente, em uma obra de arte, Havsteen-Mikkelsen utilizou outra obra famosa pela sua influência nos movimentos artísticos e na arquitetura moderna. Villa Savoye, do urbanista franco-suíço Édouard Jeanneret-Gris, conhecido pelo pseudônimo Le Corbusier, foi originalmente projetada para funcionar como casa de veraneio para uma família francesa, e foi a primeira obra na qual o arquiteto pôde incluir todos os seus 5 pontos da arquitetura moderna.

Os pontos – fachada livre, janelas em fita, pilotis, terraço jardim e planta livre – se tornaram base da arquitetura moderna e podem ser observados por toda a Europa e também no Brasil, em obras como a Casa de Vidro e o MASP, da arquiteta Lina Bo Bardi, e o Palácio do Planalto, de Oscar Niemeyer.

Parcialmente submersa no fiorde de Vejle, a réplica de Villa Savoye desperta questionamento. Quem a observa poderia arriscar e dizer que os pilares da modernidade estão afundando.

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O Festival Floating Art 2018

O Floating Art 2018 contou com 10 obras de jovens artistas, foi organizado pelo Museu de Arte da cidade de Vejle e tinha como proposta explorar a arte que dialoga ativamente com a sociedade, utilizando a água como tema e cenário. 

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Na ocasião, Havsteen-Mikkelsen instalou a obra com o auxílio de guindastes e utilizou diversas ferramentas para manutenção, o que é muito importante para manter a obra preservada. Flooded Modernity é uma réplica de proporção 1:2, o que significa que tem metade do tamanho de Villa Savoye. A obra foi feita de compensado, com janelas em acrílico e blocos de poliestireno que a permitiram flutuar.

Flooded Modernity apenas aparenta ser uma casa completa, mas na verdade ela é só metade. Havsteen-Mikkelsen fez o design 25 vezes, pensando na melhor posição possível dos elementos e com muito esforço para captar todos os detalhes da obra original. O artista ainda pintou a réplica 9 vezes, e todo o esforço pode ser observado nos registros que mostram como os 5 pontos de Le Corbusier foram mantidos, mesmo colocados em novo contexto.

O festival se encerrou no dia 2 de setembro de 2018, teve sucesso na sua proposta e sem dúvida proporcionou a criação de mais uma obra que faz jus ao papel da arte como meio para críticas, observações e análises do nosso contexto sociocultural.

Texto elaborado pela equipe da Conversion +.

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