Inhotim – Instituto Inhotim, Museu de Arte Contemporânea e Jardim Botânico, por Rosângela Vig

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Rosângela Vig é Artista Plástica e Professora de História da Arte.

Querias que eu falasse de poesia um pouco mais…
E desprezasse o cotidiano atroz
Querias… era ouvir o som da minha voz
E não um eco – apenas – deste mundo louco!
(QUINTANA, 2007, p. 87)

É inesgotável o encantamento que a Arte proporciona ao olhar, em suas mais variadas formas de apresentação.

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É como se esquivar do mundo afobado e cinza, para circular livremente, por dimensões inimagináveis em meio a cores e formas. À mente aberta é possível que uma linda viagem ocorra, pelo campo dos sentidos e das mais variadas sensações. Assim é o passeio de quem visita o Instituto Inhotim, na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais.

Em seus 140 hectares, entre os biomas da Mata Atlântica e do Cerrado, o museu abriga vários campos da Arte, entre esculturas, instalações, fotografias, pinturas e as mais variadas formas que o espírito criativo encontrou para se expressar, além de espécies de plantas de diferentes continentes e o belo paisagismo.

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As obras em grande escala são de grandes nomes da Arte Contemporânea nacional e internacional e estão em 24 galerias, 18 das quais, permanentes e seis temporárias, com exposições coletivas, monográficas e obras comissionadas.

As obras em grandes dimensões são entremeadas de natureza e das paisagens exuberantes do local, com jardins temáticos e sinuosos. Além da experiência visual, o complexo ainda abriga espaço para a pesquisa e para a educação ambiental, integrando o sentido de modernidade e de sustentabilidade.

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Aberto oficialmente em 2006, Inhotim já recebeu mais de quatro milhões de pessoas de diversas nacionalidades, o que o torna uma fonte de renda para a cidade de Brumadinho e região impulsionando também a transformação social da região. Há programas oferecidos a crianças e jovens da região, incluindo a Escola de Música e empregos diretos a moradores locais. O Instituto foi fundado por Bernardo Paz, empresário brasileiro, colecionador de obras de Arte, que transferiu para Inhotim, 326 obras de sua coleção de Arte Contemporânea, em 2022. Na presidência do Instituto está Paula Azevedo e uma equipe preocupada com a sustentabilidade e programas que incluem a participação da sociedade e a democratização da Arte, por meio de projetos culturais e educativos, além do engajamento da sociedade para a contribuição com o museu.

A beleza na ideia, portanto, é eternamente uma e indivisível, pois pode existir somente um único equilíbrio; a beleza na experiência, contudo, será eternamente dupla, pois na variação o equilíbrio poderá ser transgredido por uma dupla maneira, para aquém e para além. (SCHILLER, 2002, p. 83)

Feita entre 1990 e 1992, a obra Palíndromo Incesto (Fig.3), do escultor Tunga (1952-2016) é composta por imãs e folhas de cobre, o que cria um campo magnético entre os elementos. Com o intuito de se referir à tecelagem, a obra apresenta seus instrumentos como linha, agulha, dedal e cesto. Ao olhar para a imagem é possível perceber o vai e vem dos fios, subindo e descendo, como se uma costureira tivesse deixado o trabalho inacabado. O palíndromo refere-se a uma figura de linguagem em que a frase ou palavra não mudam mesmo se forem lidas de trás para frente, assim como o fio que vai e que vem, num interminável subir e descer.

A Invenção da Cor (Fig.6), de Hélio Oiticica, obra concluída postumamente, de acordo com instruções deixadas pelo artista, consiste em quadrados coloridos em meio à paisagem natural. As paredes gigantes recebem a luz do sol que, em diferentes momentos do dia adquirem nuances e formas diferentes. O observador pode transitar em meio à obra, sentindo-se parte dela. Vistos de cima (Fig.7), os quadrados se transformam em linhas que parecem conversar entre si.

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Exposta na Galeria Praça, a obra de Mestre Didi (1917-2013) Os iniciados no mistério não morrem (Fig.12) é composta de esculturas feitas com fibras de dendezeiro, búzios, contas, sementes, tiras de couro e símbolos das tradições Iorubá, referindo-se à religiosidade africana.

E ainda há que se falar da Galeria Adriana Varejão1 (Fig. 9) com sua estrutura sólida, em um único bloco diante da natureza, com o espelho d’água à frente, contrastando com a obra da artista, colorida e provocante.

Entre as galerias e obras, o observador pode apreciar a fauna (Fig.14), a flora (Fig.15) e os jardins exuberantes. Além do prazer visual, o Instituto é um convite também à gastronomia, com cafés e restaurantes para vários gostos, dentro e fora do museu.

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Horários de Visitação:

De quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30
Aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30
Nos meses de janeiro e julho, Inhotim abre também às terças-feiras

Mais informações estão no site do museu: inhotim.org.br/visite/ingressos/

Localização: Município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte. Acesso pelo km 500 da BR-381 – sentido BH/SP.

1 Adriana Varejão, link da galeria em Inhotim:
inhotim.org.br/video/ep-1-adriana-varejao

Referências

  • QUINTANA, Mário. Quintana de Bolso. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2007.
  • SCHILLER, Friedrich. A Educação Estética do Homem. São Paulo: Editora Iluminuras, 2002. 

ROSÂNGELA VIG 
Sorocaba  São Paulo
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: rosangelavig@hotmail.com

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