“Intolerância religiosa é o resultado da limitação de conhecimento”, diz o filósofo Fabiano de Abreu

O filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu afirma que a intolerância religiosa é dada por diversos fatores, desde criação parental, social, intolerância consequente do intelecto limitado, preconceito e falta de conhecimento em geral.

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“O grande problema de uma sociedade com baixo grau de estudo é: achar que sabe tudo sem procurar saber nada. Todos nós viemos de um princípio comum, assim como a religião, ou seja, sua religião pode ter o mesmo princípio da religião de quem você não aceita. Quem diz que a sua religião é mais importante que a outra? A ciência? Essa nem prova religião. O que a ciência sabe é que há uma parte do cérebro com atividade distinta dos que tem mais fé. Mas se a ciência que costuma buscar comprovação não consegue provar, Qual confirmação que sua religião é mais importante que a outra? O tempo que sua religião existe? Nem o judaísmo, que é uma das religiões mais antigas do mundo, não é a mais antiga. A crença e a fé, está desde os primórdios e graças a ela e outros fatores é que evoluímos e estamos onde estamos. Intolerância religiosa é uma grande ignorância e se a religião prega fazer o bem, ser intolerante não é bom, então, isso passa por cima dos princípios básicos de uma religião”, diz ele.

Fabiano de Abreu. Foto: Marcus Ribeiro / MF Press Global.
Fabiano de Abreu. Foto: Marcus Ribeiro / MF Press Global.

O filósofo conta que procura entender todas as religiões e não ter uma só: “Minha família é católica, a partir disso conheci a Bíblia, mas procurei aprender o conceito de livros como o Torá dos judeus e o Alcorão dos muçulmanos, assim como o que seguem os hindus e budistas”.

“Como quem busca na razão comum respostas para os temas da vida, precisei ter um conhecimento bem amplo de religião e tive em mim uma percepção básica de que há pessoas que precisam da religião, que nela encontra paz, razão de viver e motivo de vida. Não importa qual religião você segue, mas se tem fé e acredita em Deus, seja a religião que tenha escolhido, tenha o princípio básico do religioso que é: fazer o bem. Isso implica em não ter preconceitos e a intolerância religiosa nada mais é do que o preconceito”, completa o pesquisador.

Fabiano de Abreu ressalta que ter fé não é tapar os olhos e ouvidos para o mundo e acreditar que apenas sua religião é verdadeira: “Ter fé é ter conhecimento. As escritas, foram escritas com base em conhecimento e para ensinar. Assim devemos prosseguir, ensinando, mostrando o que é certo, independente da religião que segue, mas a religião que te faz bem, que não te coloca em depressão, que faz dar sentido a vida para que tenha o que todos almejam e buscam na história humana: felicidade”.

Ele conclui: “A intolerância religiosa é a falta de conhecimento, é dizer que o Candomblé é do diabo, quando na verdade não é. É generalizar, é dizer que todo muçulmano é terrorista, que todo católico tem que pagar pelos assassinados na época das Cruzadas ou pela pedofilia de alguns padres maus, é dizer que como Buda pode ser venerado se cometia o pecado da gula, é achar que ser evangélico ou cristão é o melhor se é uma religião que veio do catolicismo, é dizer que todo pastor se beneficia do dízimo e faz fortunas e se relaciona com fiéis casadas e também pedofilia. É dizer que todo judeu tem que pagar por ter condenado Jesus, que também foi judeu. Ou seja, não podemos generalizar e culpar a religião por causa de alguns, por isso, todos cometeram falhas, erros, não cometeremos os mesmos erros, sendo intolerantes, pois intolerância é falta de conhecimento e falta de conhecimento é burrice”.

O escrito e filósofo está na capa da atual edição do Jornalzen, conhecido por entrevistar grandes personalidades intelectuais do Brasil.

Fabiano de Abreu. (captura de tela – instagram).
Fabiano de Abreu. (captura de tela – instagram).

“Tive a honra de ser entrevistado por um jornal que sempre admirei: o Jornalzen. As capas foram grandes personalidades intelectuais e, na última edição (Agosto/2018), fui convidado para ser a capa e fazer parte dessa história junto com nomes que admiro por fazerem de suas vidas, algo extremamente relevante.

Mario Sergio Cortella – Isabel Vasconcellos – Eduardo Suplicy – Dulce Magalhães – Marcelo Tas – Entre outros.” Fabiano de Abreu

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