O Rio de Janeiro visto ao olho nu de Rogério Reis

O perfeito título “Olho nu”, configura-se em uma grande metáfora para um artista sempre despido de preconceitos, inquieto, multidisciplinar, com disposição a criar e recriar, unindo distintas temáticas com maestria em sua consistente e ampla obra.

Juan Esteves – crítico e curador de fotografia

Olho nu – Rogério Reis (Instituto Olga Kos, 2021), 160 páginas, R$ 120,00, é o novo livro do renomado fotógrafo Rogério Reis, a ser lançado nas livrarias em setembro. A bela publicação editada pelos irmãos João e Kiko Farkas, reúne um consistente apanhado do trabalho de Rogério, cuja trajetória marca cerca de 40 anos ininterruptos.

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Todo em preto e branco, bilíngue (inglês/português), Olho Nu é dividido em trabalhos conhecidos de Rogério Reis, como Na Lona, Ninguém é de Ninguém, momentos de sua longa carreira como fotojornalista que traz imagens históricas como o belo retrato de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), de 1982, quando o poeta completava 80 anos, produzido para o Jornal do Brasil (JB), os surfistas de trem do ramal de Japeri do Rio de Janeiro, trabalho de repercussão internacional, para a Agência F4, entre outras imagens deslumbrantes nas ruas e praias do Rio de Janeiro, muitas inéditas como as freiras no Leblon, RJ, que referenciam o instante decisivo Bressoniano. Olho Nu faz, portanto, uma linda homenagem à fotografia de rua, muito utilizada no século XX e um pouco esquecida com a digitalização das imagens. “Este livro para mim é um reencontro editorial com a fotografia de rua” afirma Rogério Reis.

O livro mostra ao leitor o Rio de Janeiro como ele é. O fotojornalismo factual também surge com força em imagens contundentes. Na primeira página do livro o leitor admira uma imagem deslumbrante da cidade que encanta o mundo por suas paisagens inspiradoras. Na segunda página o leitor já encontra a impactante foto de policiais dentro de um caveirão. Há fotografias sensuais profundas e imagens fortes que reafirmam a passagem de uma simples situação jornalística para uma realidade absolutamente sintética. “A soma dessas pequenas sínteses, através de olhares que vamos chamar de editorial, de editores, compõe um todo, que de repente vamos chamar de universo, uma visão pessoal de uma cidade.” diz o João Farkas, editor do livro.

Com capricho editorial, o livro traz, ainda, o registro de uma instigante conversa do autor com o editor do livro, o fotógrafo paulistano João Farkas; a artista e professora paraense Mayra Rodrigues; o fotógrafo paulista Edu Simões; o jornalista e professor carioca Rosental Alves; a historiadora fluminense Ana Mauad e o historiador carioca Maurício Lissovsky, um elenco estelar da produção e do pensamento da arte, da imagem fotográfica e da história social brasileira.

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Olho Nu é um daqueles livros que se torna sonho de consumo de toda estante.

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Todo valor arrecadado pelo autor nas vendas do livro pelas livrarias será doado para um projeto social na cidade do Rio.

Rogério Reis nasceu no Rio de Janeiro, em 1954, onde ainda vive e trabalha. Formou-se em jornalismo pela Universidade Gama Filho em 1978, quando já trabalhava há um ano como fotógrafo do Jornal do Brasil. Teve uma breve passagem pelo jornal O Globo no ano seguinte, antes de retornar ao Jornal do Brasil, onde permaneceu entre 1980 e 1982, passando depois à revista Veja, com a qual colaborou durante os anos de 1983 e 1984. Entre 1985 e 1989 integrou a seção carioca da agência F4 e, no final de 1989 fundou, com Claus Meyer e Ricardo Azoury, o atual acervo Tyba, no qual atua até o hoje. Foi editor de fotografia do Jornal do Brasil no período compreendido entre 1991 e 1996. Em 2002 seu retrato do poeta Carlos Drummond de Andrade sentado na praia de Copacabana serviu de base para uma escultura de Leo Santana que hoje é uma das referências turísticas do Rio de Janeiro. Rogério inspirou o personagem do fotógrafo de mesmo nome do filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, baseado no livro de Paulo Lins.

Rogério Reis. Foto: Divulgação.
Rogério Reis. Foto: Divulgação.

Conta que a fotografia apareceu na sua vida ainda na adolescência, por influência do ambiente da contracultura, onde se buscava então profissões menos convencionais. No rastro dos Domingos da Criação, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), importantíssima experiência desenvolvida pelo crítico mineiro Frederico de Morais, Rogério teve aulas com o húngaro George Racz, nas oficinas de fotografia do Bloco Escola deste museu, nos início dos anos 70, e posteriormente nos cursos do fotógrafo americano Dick Welton, que trabalhava para a revista Manchete, da Editora Bloch. O trabalho de Rogério está presente em importantes acervos como: Biblioteca Nacional da França, Paris (2021); Chengdu Contemporary Arts Park Museum, China (2017), Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro (2017), Museu Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires (2016), MAR-Museu de Arte do Rio (2015), Maison Européenne de la Photographie, Paris (2014, 2012, 2010 e 2008), MAM-Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro (2002), MAM-Museu de Arte Moderna, São Paulo (1999), Douglas Nielsen Collection no Tucson Museum, EUA (1996), Coleção MASP/Pirelli, São Paulo (1995).

Olho Nu – Rogério Reis – 160 páginas, R$ 120,00
Edição bilíngue português e inglês
Fotografias de Rogério Reis, Texto João Farkas, Edição de João Farkas e Kiko Farkas, Design de Kiko Farkas/Máquina Estúdio, Digitalização e tratamento das imagens de Mayra Rodrigues/Tyba, pré-impressão e impressão Gráfica Ipsis, em papel Couché Matte.
Patrocínio: Instituto Olga Kos, 2021
Distribuição: Martins Fontes

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