‘Ex-gordo’, novo espetáculo de Fernando Aveiro, reestreia em fevereiro na Oficina Cultural Oswald Andrade e tem apresentação no Sesc São Caetano

Com atmosfera onírica e surrealista, peça do Núcleo de Pesquisa Caxote aborda gordofobia e a busca pela identidade a partir de montagem intimista que coloca espectador dentro da cena

Após fazer uma cirurgia bariátrica, um homem que vive isolado em seu microapartamento no 48º andar confronta figuras do passado, com o objetivo de descobrir sua verdadeira essência. Este é o ponto de partida de “Ex-gordo”, novo trabalho do Núcleo de Pesquisa Caxote, com texto e direção de Fernando Aveiro e codireção de Naiene Sanchez, que, depois de estrar no Sesc Ipiranga, ganha uma nova temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, de 3 a 18 de fevereiro. O espetáculo tem apresentações às segundas e terças, sempre às 20h, com entrada gratuita. No Sesc São Caetano, a peça é apresentada no dia 14 de fevereiro, às 20h, com ingressos até R$ 30 reais.

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No elenco, estão Bárbara Salomé, Camila Biondan, Humberto Caligari e Murilo Inforsato, além do próprio Fernando Aveiro, que interpreta o protagonista.

“Esse Ex-gordo convida um grupo de artistas para ir à sua casa e interpretar os personagens que habitam sua memória, para que ele possa, quem sabe, se sentir parte de uma sociedade e resolver sair do seu caótico mundo particular”, conta Aveiro, que trabalha o texto desde 2011. “A peça surgiu quando, ainda no CPT, tive uma ideia para uma cena de prêt-à-porter, que acabou não sendo executada. Tratava-se de uns escritos vinculados à figura de um gordo religioso e seus dissabores, e chamava-se Um domingo Depois da Missa. Revisitei o texto com frequência para extrair da ideia original todas as possibilidades de criação e personagens, mas só consegui fechá-lo em 2019, agora com o nome de Ex-Gordo”, completa.

Em meio a uma atmosfera onírica e surrealista, o público é convidado a passar 80 minutos na casa desse protagonista e a acompanhar uma espécie de sessão de psicodrama teatral. Todos se sentam em cadeiras de diferentes estilos e formatos posicionadas dentro da cena, em uma semiarena. Enquanto assistem ao desenrolar da história, os espectadores podem até tomar um cafezinho. Ao final do espetáculo, a ideia é que cada pessoa possa olhar a obra com autonomia de cocriação.

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Aveiro explora alguns elementos autobiográficos na narrativa. “Tive uma formação religiosa, fui gordo e sofri muito com isso; justamente pelo fato de ter sido privado por eles… ‘eles todos que nos confinaram à margem, que destituíram nossa personalidade’… e não é nenhum exagero. Verbos como confinar e destituir precisam aparecer para dar a dimensão trágica da coisa toda. Hoje, sei que não estou falando apenas sobre meu ponto de vista privado, ou do ponto de vista do grupo dos renegados. Estou falando de todos nós, pois quem não estava no bando marginalizado, ou estava na posição de ataque ou como observador”, afirma o dramaturgo.

A encenação carrega uma série de referências das artes plásticas, do teatro e do cinema, como “Hamlet”, de William Shakespeare, o mito de Prometeu, as obras de Marcel Duchamp, “A Vênus de Milo”, de Alexandre de Antioquia, entre várias outras. “Acontece nessa peça uma espécie de colagem, em todos os pilares: dramaturgia, direção, atuação, figurinos, cenografia, trilha e luz para compor uma obra de diálogos entre mundos prováveis e improváveis”, define Aveiro. No cenário, essa noção é ainda mais evidente. Haverá um painel-memória criado por Camila Biondan com a função de representar o imaginário do protagonista, criando uma geografia viva que será constantemente atualizada ao longo da montagem.

“Ex-gordo” é a terceira parte da Trilogia da Evolução, projeto do Núcleo de Pesquisa Caxote que apresenta peças que provocam reflexões sobre o despertar da consciência de indivíduos para processos sociais que os aprisionam/moldam e os padrões sociais que afastam o ser humano do que é essencial ou genuíno. Os outros espetáculos são “Por acaso, navalha” (2014), uma adaptação do texto de Plínio Marcos, e “Obra sobre Ruínas” (2017-18), escrito e dirigido por Fernando Aveiro.

O Núcleo de Pesquisa Caxote investiga o teatro intimista e em espaços alternativos a partir da montagem de textos clássicos e de novos dramaturgos. Em seus trabalhos, explora a relação entre as artes cênicas e outras linguagens.

SOBRE FERNANDO AVEIRO

Fernando Aveiro formou-se em Artes Cênicas em Ribeirão Preto e cursou Filosofia na Universidade Federal de São Paulo. Integrou o CPT – Centro de Pesquisa Teatral, dirigido por Antunes Filho, durante seis anos, onde atuou em “Policarpo Quaresma”, “A Falecida vapt-vupt”, “Toda Nudez Será Castigada” e “Prêt-à-porter Cult”. Formou-se como dramaturgo no Núcleo de Dramaturgia SESI-British Council, no qual escreveu o texto “Em abrigo”. Como dramaturgo, ainda se destaca o texto “Hospedeira”, com direção de Georgette Fadel, em cartaz em 2017 no SESC Consolação, em São Paulo. É diretor do Núcleo de Pesquisa Caxote, pelo qual encenou “Por acaso, navalha”, e “Obra Sobre Ruínas”, com temporadas em São Paulo e interior. É orientador do Programa Qualificação em Artes (Projeto Ademar Guerra) do Governo do Estado desde 2017.

SOBRE O NÚCLEO DE PESQUISA CAXOTE

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O Núcleo de Pesquisa Caxote foi criado em 2013 com o objetivo de investigar o teatro na linguagem contemporânea, por meio de obras de autores clássicos e de novos dramaturgos. Além disso, em seus espetáculos, busca integrar artes cênicas e outras linguagens, e investigar o espaço alternativo e a relação intimista entre o público e a cena.

Em 2014, o grupo estreou o primeiro espetáculo: “Por acaso, navalha”, com direção de Fernando Aveiro, no Espaço Mínimo, sede do coletivo em São Paulo. Essa releitura do texto de Plínio Marcos cumpriu uma temporada de três meses na capital e seguiu para Ribeirão Preto (SP) a convite do Grupo Engasga Gato, onde realizou apresentações no Telhado Cultural, sede do grupo.

A peça foi o ponto de partida para a Trilogia da Evolução, projeto composto por trabalhos que provocam reflexões sobre o despertar da consciência de indivíduos para processos sociais que os aprisionam/moldam e os padrões sociais que afastam o ser humano do que é essencial ou genuíno.

O segundo espetáculo da trilogia é “Obra Sobre Ruínas” que cumpriu uma temporada de um mês com 20 apresentações na SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt em 2018. Com texto e direção de Fernando Aveiro, o espetáculo fala sobre um Ser que decide passar por uma lobotomia para se adequar aos padrões impostos pela sociedade. O texto “Ex-gordo”, também de Aveiro, encerra o projeto.

SINOPSE

Um ex-gordo vive isolado no 48º andar de um arranha-céu e convida um grupo de atores para encenar semanalmente uma espécie de psicodrama, em que ele seria a figura central da história. Por meio do teatro, ele inventa várias figuras que marcam a sua memória, esperando um dia encontrar sua verdadeira identidade e reintegrar-se na sociedade.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia e direção: Fernando Aveiro
Codireção: Naiene Sanchez
Elenco: Bárbara Salomé, Camila Biondan, Fernando Aveiro, Humberto Caligari e Murilo Inforsato
Figurino: Rosângela Ribeiro
Costureira: Vera Luz
Assistente de figurino: Eduardo Dourado
Cenário: Núcleo de Pesquisa Caxote
Colagismo: Camila Biondan – Objetos Roubados
Desenho de luz: Thiago Capella
Pesquisa musical: Fernando Aveiro
Preparação corporal, vocal e coreografia: Naiene Sanchez
Assessoria de imprensa e produção: Bruno Motta Mello e Verônica Domingues – Agência Fática
Realização: Núcleo de Pesquisa Caxote

SERVIÇO
EX-GORDO, de Fernando Aveiro
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro
Temporada: 3 a 18 de fevereiro, às segundas e terças-feiras, às 20h
Ingresso: grátis, distribuídos uma hora antes
Duração: 80 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 40 lugares
EX-GORDO, de Fernando Aveiro
Sesc São Caetano – Rua Piauí, 554 – Santa Paula
Apresentação: 14 de fevereiro, sexta-feira, às 20h
Ingresso: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 9 (credencial plena)
Venda online a partir do dia 4/2: www.sescsp.org.br/programacao/218304_EXGORDO
Duração: 80 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 50 lugares

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