Helen Betune Wolf – “A arte de transformar”, por Edmundo Cavalcanti

Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.
Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.

1- Onde você nasceu? E qual sua formação acadêmica?

Nasci na capital paulista, mas vivi a maior parte da minha vida em São Carlos, interior de São Paulo.

No ensino médio fiz Magistério e posteriormente graduação em Psicologia na UFSCar.

2- Como e quando se dá o seu primeiro contato com as Artes?

Passei minha infância vendo minha avó materna criar e recriar… de raízes ela fazia esculturas, de papel fazia flores, de retalhos colchas. Ela criava o tempo todo. Fui profundamente influenciada por seu fazer constante. Era uma pessoa simples, com poucos recursos financeiros, mas com uma criatividade extraordinária. Ela era capaz de ver possibilidades onde ninguém via. Fui criada no meio de linhas, papeis, pincéis e tintas. As artes manuais estiveram sempre presentes na minha infância e adolescência.

Helen Betune Wolf é Artista Plástica.
Helen Betune Wolf é Artista Plástica.

3- Como surgiu ou você descobriu este dom?

O que faço hoje com o papel e o papel machê começou a aproximadamente 15 anos, meu filho mais novo, chegou da escola com um pedaço de massa de papel machê nas mãos e me entregou junto com um recado da professora: a professora pediu para te entregar e falou que você saberia o que fazer com isso (a professora sabia que eu gostava de pintar e criar) e assim aconteceu o meu encontro com o papel machê. Desse dia em diante eu comecei a pesquisar e testar formas de trabalhar o papel machê.

4- Quais são suas principais influências?

Comecei fazendo artesanato com papel machê e naquele momento minha principal influência foi do artesanato mineiro. Atualmente ensino técnicas do artesanato que faço e me dedico a estudar uma forma de misturar elementos do artesanato para compor minhas obras de arte. Faço isso de maneira intuitiva, conscientemente não me inspiro em nenhum outro artista.

5- Quais os materiais que você utiliza em suas obras?

Utilizo o máximo possível de materiais que são descartados. Papéis, papelão, filtros de café reaproveitados, tubos, vidros, sementes e galhos coletados do chão ou de podas. Eventualmente utilizo fogo para fazer algumas composições.

6- Como é o seu processo criativo em si? O que te inspira?

A possibilidade de transformar o que seria descartado em algo novo. A possibilidade de ressignificar objetos e recriar através de recursos acessíveis, isso é altamente inspirador para mim. O processo de criação surge no olhar atento a minha volta e dentro de mim.

7- Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas obras?

Entrei em contato com a técnica aproximadamente 15 anos. Eu literalmente brincava de papel machê e esta brincadeira cresceu e no ano de 2019 eu deixei meu trabalho como psicóloga e passei a me dedicar integralmente ao trabalho com papel machê. Neste início meu trabalho era somente com o artesanato. No início de 2020 comecei a criar peças envolvendo a temática da pandemia. Comecei a participar de exposições virtuais.

8- A arte é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto da criação, porém na historia da arte, vemos que muitos artistas são derivados de outros, seguindo técnicas e movimentos artísticos através do tempo, você possui algum modelo ou influência de algum artista? Quem seria?

Conheço alguns artistas que trabalham com papel machê, mas não tenho um modelo ou influência de algum artista específico, pelo menos de forma consciente. Estou desenvolvendo minha forma de expressão onde busco integrar elementos do artesanato a minha arte.

9- O que a arte representa para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado das Artes na sua vida…

A arte é a possibilidade de transformar, traz a esperança de que tudo pode ser ressignificado e que isso é possível com recursos acessíveis.

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10- Quais as técnicas que você usa para expressar suas ideias, sentimentos e percepção a cerca do mundo? (Se é através da pintura, escultura, desenho, colagem, fotografia… ou usa várias técnicas no sentido de fazer um mix de formas diferentes de arte).

Uso como base o papel de reuso, e a partir disso misturo colagens, pinturas, desenhos, fogo. Procuro misturar, fazer um mix, e meu maior desafio no momento é integrar arte e artesanato numa mesma composição.

11- Todo artista tem seu mentor, aquela pessoa a quem você se espelhou que te incentivou e te inspirou a seguir essa carreira, indo adiante e levando seus sonhos a outros patamares de expressão, quem é essa pessoa e como ela te introduziu no mundo das artes?

Eu tenho uma mentora e uma madrinha. Minha mentora é a Zilá Nodari. Quando decidi deixar minha profissão anterior e fazer da minha arte minha atual profissão fiz o curso Arte e Profissão com a Zilá Nodari, neste curso ela me conduziu a rever e reformular muitos conceitos e crenças que limitavam minha visão. Ajudou-me a iniciar minha trajetória como artista.

Falei que tenho uma madrinha, eu a chamo de madrinha pois me incentivou e incentiva, me apoiando e sendo instrumento para meu crescimento, minha madrinha é a artista Maria José Oliveira.

12- Você tem outra atividade além da arte? Você ministra aulas, palestras etc.?

Antes da Pandemia eu realizava oficinas com técnicas de papel machê e papietagem. Neste período da Pandemia eu criei uma série no IGTV que chamei de Série 4 Minutos. Todas as quartas-feiras às 16h eu disponibilizo um vídeo de 4 minutos onde mostro passo a passo de peças de artesanato sustentável.

13- Suas principais exposições nacionais e internacionais e suas premiações?

  • Exposição virtual “Arte é resistência” – Raphael Art Gallery – Ano 2021
    Organização e direção – Edmundo Cavalcanti
  • Exposição virtual “MINHA ESSÊNCIA” – Raphael Art Gallery – Ano 2021
    Organização e direção – Edmundo Cavalcanti
  • Exposição Virtual “IMPACTADOS PELA ARTE” – Ano 2021
    Organização e direção – Luciene Yahweh
  • Exposição Virtual “ARTE SEM LIMITES” – Raphael Art Galley – Ano 2020
    Organização e direção – Edmundo Cavalcanti
  • CONVIDA EXPOARTE – Ano 2020
    Projeto de Aparecida Felipe Curadoria Guto Lemes
    Coordenadores: Aparecida Felipe e Luciane Lima
  • Exposição coletiva “ARTE EM QUADRADOS” – Ano 2020
    Diretoria da cultura da Unicentro

14- Seus planos para o futuro?

Continuar aprimorando meu trabalho e me tornar referência na minha área. Tenho como plano continuar divulgando e ensinando técnicas de papel machê de forma gratuita para que mais pessoas possam ter acesso a este universo tão rico e transformador.

15- Em sua opinião qual é o futuro da arte brasileira e dos seus artistas? (no contexto geral) e porque tantos artistas estão dando preferência em mostrar seus trabalhos em exposições internacionais apesar dos altos custos?

As exposições internacionais oferecem visibilidade num universo onde a arte é mais valorizada, contudo são poucos os artistas que podem investir desta forma.

A arte mais do que nunca tem se mostrado salvadora, e tenho esperança que comece a ser valorizada na medida devida, que o valor se estenda para todos os artistas, aqui dentro do nosso país.

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A VIDA NA ARTE DE
HELEN BETUNE WOLF

POR
ANA MONDINI

Ana Mondini é Crítica de Arte, Doutora em Filosofia, Artista Plástica, formada pela Escola de musica e artes do Paraná e Idealizadora da “Galeria Virtual – Filosofia & Arte”.
Ana Mondini é Crítica de Arte, Doutora em Filosofia, Artista Plástica, formada pela Escola de musica e artes do Paraná e Idealizadora da “Galeria Virtual – Filosofia & Arte”.

[dropcap]A[/dropcap]través de seu trabalho, a artista Helen Betune Wolf oferece duas alternativas para salvar o Planeta.

A primeira diz respeito ao material reutilizado para compor suas peças, cujo reaproveitamento contribui para diminuir a poluição no mundo.

Através do filtro de café reutilizado, que é uma de suas principais fontes materiais, a artista transforma a matéria industrializada e, primordialmente, retirada da natureza, em lindas esculturas, cuja forma remete, geralmente, a elementos naturais.

Em suas esculturas de flores e borboletas, por exemplo, podemos ver o traço singular da artista, manifesto pela suavidade conferida ao papel, devido às cores esmaecidas, utilizadas no tingimento do material. Desse processo, resultam florais com ares de naturalidade e grande semelhança ao real.

Já a segunda alternativa, refere-se à emoção emanada de cada uma de suas obras, mais precisamente, à grande sensibilidade e delicadeza que a artista confere ao seu trabalho feito em papel machê, que formam frutas, cactos, passarinhos, pandas, assim como, personagens ligados à fé.

Um trabalho sustentável, não apenas porque reutiliza materiais, mas, também, porque a artista é capaz de conviver em meio a emoções controversas advindas de um cenário desfavorável, no qual se encontra toda a humanidade, e tem o poder de transformá-las em necessário e urgente afeto.

Enfim, seja no sentido figurado, seja no literal, a artista Helen Betune manifesta um carinhoso e apurado olhar sobre o que é urgente, a saber, o cuidado com a Natureza, e, em especial, a doação de vida para nossas almas.

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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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