O Spleen como fundamento estético e existencial na obra de Baudelaire por Juliana Vannucchi

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Juliana Vannucchi é graduada em Comunicação Social, licenciada em Filosofia e Editora-chefe do site Fanzine Brasil.
Juliana Vannucchi é graduada em Comunicação Social, licenciada em Filosofia e Editora-chefe do site Fanzine Brasil.

Charles Baudelaire (1821- 1867) é um dos poetas mais consagrados de todos os tempos.

Les Fleurs du Mal (As Flores do Mal), de 1857, é sua principal obra. Esse icônico livro foi repreendido e censurado por autoridades que o viam como uma fonte de blasfêmia e imoralidade.

Mas essa represália não o impediu de ser lido, valorizado e elogiado. Dele, afinal, emergia uma verdadeira revolução literária, na qual encontrava-se um estilo poético único e inovador.

Baudelaire teve uma vida bastante conturbada. Tal como Rimbaud e Verlaine, dois outros célebres expoentes da poesia francesa, mantinha uma postura boêmia, desregrada e marcada pelo uso excessivo de drogas e álcool.

Teve depressão, tentou se matar.

Era, no final das contas, um provocador rebelde cujo coração era dominado por uma sensibilidade profunda e pulsante.

Sua alma era inconformada, entorpecida de sentimentos e a poesia, assim, era o único caminho possível que ele poderia seguir…

O spleen, principal fundamento estético da obra de Baudelaire, é um violento estado de melancolia, de tédio, um indesejável desassossego sem causa, uma dor existencial que carece de explicação.

É uma crise emocional na qual manifesta-se uma alta dose de inquietação, esgotamento e desarmonia entre o eu e o mundo.

Trata-se de uma angústia recorrente e injustificável, uma condição da qual os espíritos mais sensíveis não escapam – é a maldição que pesa sobre eles… O spleen os sufoca e dilacera, ao mesmo tempo em que os conecta com a existência.

É uma revelação incessante da tragédia da vida, uma perturbação frustrante que arruína a ordem e persegue a consciência… um mistério degenerativo e inevitável que assola alguns indivíduos.

É, enfim, o preço pago por uma sensibilidade indomesticável e irracional. Como uma maldição que impiedosamente se apropria da alma.

Essa condição era, em certa medida, a própria perspectiva pela qual o poeta francês interagia com a realidade.

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Por isso, entenda-se que o spleen, termo cunhado e popularizado pelo próprio Baudelaire, é um conceito que quando devidamente compreendido, serve como uma chave que possibilita uma leitura mais acurada de Les Fleurs du Mal, pois, afinal, ele é o pano de fundo que liga todo conteúdo dessa obra.

Spleen significa “baço”.

Esse termo foi extraído da medicina grega, mais precisamente de uma teoria de Hipócrates, segundo a qual as mudanças de humor estavam associadas ao baço humano que liberaria a bile negra, substância que quando se torna excessiva, gera a melancolia.

Charles Baudelaire foi uma figura complexa, controversa e polêmica.

E esses aspectos, associados a seu brilhante talento poético, coroaram sua obra, fazendo com que ele se tornasse precursor do simbolismo e pai do modernismo ao inaugurar um estilo diferenciado e revolucionário.

O Spleen como fundamento estético e existencial na obra de Baudelaire por Juliana Vannucchi.
O Spleen como fundamento estético e existencial na obra de Baudelaire por Juliana Vannucchi.

JULIANA VANNUCCHI
Sorocaba – São Paulo
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