Zaza Jardim – “A arte da Fibrila”, por Edmundo Cavalcanti

Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.
Edmundo Cavalcanti é Artista Plástico, Colunista de Arte e Poeta.

1 – Onde você nasceu e qual sua formação acadêmica?

Eu nasci em São Paulo e vivi nesta cidade linda por 42 anos. Não tenho formação além da percepção aguçada. Fiz cursos na ESPM e cedo já trabalhava. Pouco antes dos 30, ano de 1.999 30 fiz Sociologia na FESP SP, mas não concluí li muito de tudo, mas gosto mais da lida do fazer. Na França, quando morei lá, estudei francês na Sorbonne em 2012.

2 – Como e quando se dá o seu primeiro contato com a arte?

Meu primeiro contato foi viajando, pela artesania do Nordeste, da Amazônia brasileira e ainda na década de 70 quando visitei o Calouste Gulbekian em Lisboa. Maravilhoso! Momento em que todo o acervo estava ainda restrito a sede da Fundação. Desde sempre eu fui atenta às exposições e mesmo fora da academia, convivi no meio artístico com muito gosto.

3 – Como surgiu ou você descobriu esse dom?

Acredito que o ser humano naturalmente possui todos os dons se forem incentivados. Escrevo poesia desde os 12 anos e meus cadernos são cheios de colagens e desenhos, mas não me considerava artista. Fiz vitrais com uma vizinha amiga. Sempre me encantam os talentos, o fazer, as pessoas, as motivações, mas não me via fazendo. Tanto é que em 1992 criei uma empresa que atuava viabilizando carreiras artísticas no show business, eventos era uma linha muito forte. A artista Zaza Jardim nasceu intensa e definida em 2010. São 10 anos de atividades e exclusivas na arte.

4 – Quais são suas principais influências?

Minha maior influência é o perceber. O que sinto com o ponto de vista de algo e como esse “algo” me toca. Em 2003 conheci Diva Buss quando a convidei para fazer uma exposição no meu Fanzine PNOB. Criei o Zazaísmo que “re-conhece a capacidade do ser humano em pensar” e ela adotou o movimento. Em 2009 senti uma vibração imensa e pedi À Diva Buss que me ensinasse a fazer Papel. Em Fevereiro passei uma semana em sua casa e nasceu Zaza. Creio que fui sua última aluna, para seguir a missão da arte da fibrila.

5 – Quais os materiais que você utiliza em suas obras?

A Fibrila celulósica é a base de tudo. As fibrilas são o DNA das árvores, que dão suas vidas para que tenhamos papéis. Livros, cadernos, jornais, e principalmente livros antigos de todas as épocas, que permitem uma investigação difícil de comportamento e densidade, desafiando o trabalho criativo e comportamental da obra.

A água, o sol, a chuva, as terras, os pigmentos minerais.

Ahh…. os pigmentos minerais são fundamentais para a criação das cores e assentamento de tudo. Eu faço expedições para coletar pigmentos na natureza e tenho mais de 80 catalogados. Cada fibrila e cada pigmento são elementos infinitos… e a chuva…

6 – Como é o seu processo criativo em si? O que te inspira?

O que me inspira e o que sinto de dentro para fora.

Seja um grito da alma, seja uma poesia minha que precisava de uma imagem, seja um momento de instinto.

Além dessa impulsividade, tenho desenvolvido mais pesquisas e aprofundando alguns temas específicos que me desafiam.

A natureza da vida é sempre uma inspiração, a maior arte e artista de todas.

7 – Quando você começou efetivamente a produzir ou criar suas obras?

Comecei a produzir imediatamente ao ter a semana de aulas com a Diva Buss.

Era fevereiro de 2010. Cheguei na casa que já vivia há 20 anos e parecia que todas as ferramentas e lugares estavam esperando ZAZA. Tinha um ateliê pronto, lavatórios, jardim e ferramentas todas prontas. Eu iniciei uma mega produção imediata. Tanto que em Abril de 2010 acontece a primeira exposição em um evento internacional de arquitetura sustentável no Edifício da Bienal de São Paulo, ocupando a praça principal, o mezanino, a sala de imprensa e sala da presidência com mais de 120 obras, sendo 6 delas de 2,00 metros de altura.

8 – A arte é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto de criação, porém na história da arte, vemos que muitos artistas são derivados de outros, segundo técnicas e movimentos artísticos através do tempo. Você possui algum modelo ou influência de algum artista? Quem seria?

A arte de fazer arte invadiu minha vida com a técnica da Diva Buss. De reciclar papéis. Acredito que essa linhagem específica é muito desafiadora e esse desafio tomou minha vida e me dedico hoje exclusivamente nesse mergulho e descobrir suas capacidades.

Seja de comportamento, seja de estética, ou mesmo da dimensão de permitir que a natureza imponha suas vontades. Eu me permito ser invadida pela vontade dela e sua especificidade. Muitas vezes, muito simples e profunda. Então é uma entrega, uma disponibilidade em perceber do nada algo que não tinha sido percebido.

Na arte uma grande incentivadora desta linhagem é Mira Schendel, genial!

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9 – O que representa a arte para você? Se você fosse resumir em poucas palavras o significado das artes na sua vida…

No meu ponto de vista, a arte é a existência. Nascemos da arte de amar, de duas pessoas, que culminaram em um orgasmo vivido para que fossemos fecundados. A arte de ser vivo e existir é a arte. Seja para os humanos e animais, seja para a vida microscópica ou espacial, seja para a natureza e para o tempo.

Perceber e respeitar isso é fundamental, senão a vida não teria sentido.

Sistemas fractais da natureza nos ensinam que nossa imperfeição fractal, faz a alquimia.

O resto é imposição.

10 – Quais as técnicas que você usa para expressar suas ideias, sentimentos e percepção acerca do mundo? (Se é através da pintura, escultura, desenho, colagem, fotografia… ou usa várias técnicas no sentido de fazer um mix de formas diferentes de arte)

A arte de Zaza é exclusivamente a Fibrila celulósica, pigmentos minerais, água e Zaza.

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Com essa base decidi assumir desde o princípio, que só a usaria e iria até onde nem imaginaria.

Nas exposições as pessoas têm a necessidade de tocá-las, sentir o cheiro e questionam a durabilidade. São centenárias como um livro, como um fóssil.

Permite-me fazer uma obra que pode pairar no ar de tão leve, passar pelos “pergaminhos bio”, “Papiros brasileiros” que criei essas nomenclaturas para definir um padrão que não existia, até chegar a argila celulósica.

Permite-me assim produzir a arte como suporte e também pintura de 0% a 100%.

Com formatos texturas, espessuras.  Ainda assim me permitem fazer intervenções com colagens, carimbos, relevos, incrustação. Inclusive nessa produção Espanha de 2019, em 2 séries especificas… criei processos de pintura inéditas, relevos e mosaicos em pergaminho, sempre um desafio que não tem escola. Em breve começarei a ensinar também.

11 – Todo artista tem seu mentor aquela pessoa a quem você se espelhou, que te incentivou e te inspirou a seguir essa carreira, indo adiante e levando seus sonhos a outros patamares de expressão. Quem é essa pessoa e como ela te introduziu no mundo das artes?

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Quem me inspirou e me deu a base da técnica da reciclagem de papel foi a Diva Buss, ninguém mais. Ela veio em minha vida por sua irmã Yara Picardi, para que fizesse uma exposição dela e fiz em 2003.

Somente em 2010 veio o momento de eu ser escolhida para seguir a missão. Diva deu aula de papel para 8 mil alunos. Foi um encontro muito digno e respeitoso e assim segui o caminho levando esse estudo a outro patamar e a outros caminhos. Desde 2012 vim com 2 malas para a Europa e já pude documentar essa arte da fibrila em muitos lugares. No Caroussel du Louvre em Paris, por 3 vezes, Bienal Etruria em Roma, guias, anuários, etc. Em Chartrier Ferriere fui certificada Arte BIO, pela comunidade BIO de Limousin Corréze, onde se produzem as trufas francesas.

Pesquisando e criando obras novas em locais novos, com técnicas novas a cada novo momento, uma sobrevivência, uma vivência e novas séries e pesquisas.

12 – Você tem outra atividade além da arte?  Você ministra aulas, palestras, etc?

Eu vivo exclusivamente em produzir obras e dialogar caminhos.

Tenho imenso interesse em ensinar tudo que descubro com as fibrilas e passar adiante tudo que vivencio com essa experiência.

No Brasil fiz diversas palestras em congressos e universidades pela questão ambiental e era impactante.

Chegando na Europa meu processo pessoal tinha outras prioridades, de me estabelecer. Vivi em 80 cidades e 7 países nesses 7 anos. Fiz ateliers em florestas francesas, em litorais portugueses, e nos campos espanhóis. Em breve pretendo ter as condições adequadas para que se inicie o processo de mais participação pedagógica e de aberturas dessa oportunidade, que acredito ser fundamental para agora e o futuro.

13 – Suas Principais exposições  nacionais e internacionais, suas premiações? (Mencione as 5 mais recentes)

Acredito na importância de cada exposição seja coletiva ou individual, seja em que continente for. Posso dizer que neste ano estive com obras em exposição na Itália, França, Espanha, Luxemburgo, Turquia, Brasil e Estados Unidos. Em 2011 prêmio Tarsila do Amaral de arte contemporânea em Rafard. No Brasil participo no Anuário da Luxus e no Guia do Design Consciente.

14 – Seus planos para o futuro?

Meus planos são o que estou fazendo agora. Em 2018 fiz a Série “O ROSTO DO VINHO”. Uma pesquisa profunda da vida das vinhas e seus métodos de produção. Uni a fibrila com as cascas e folhas de vinhas centenárias e expedições de pigmentos minerais sagrados, de uma bodega Fenícia do Séc. XII A.C. A série reúne obras com uma pesquisa de comportamento da natureza, dos produtores, do tempo, das estações.

Já em 2019 produzi a Série NOEL ROSA, exclusivas para um espetáculo musical da italiana Ilenia Mancini, que viveu no Brasil e levou nosso poeta aos palcos de Florência.

Tive a honra de produzir uma coleção incrível que culminou no ”MENINO ROSA”.

Meus planos é que estas obras sejam reconhecidas no mercado, pois a cada dia estão mais valorizadas.

Facebook: www.facebook.com/zaza.jardim

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EDMUNDO CAVALCANTI
São Paulo – Brasil
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Colunista no Site Obras de Arte
E-mail: cavalcanti.edmundo@gmail.com

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1 comentário em “Zaza Jardim – “A arte da Fibrila”, por Edmundo Cavalcanti”

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