“As obras de William Blake em Contraponto com a Razão” por Juliana Vannucchi

Juliana Vannucchi é graduada em Comunicação Social, licenciada em Filosofia e Editora-chefe do site Acervo Filosófico.
Juliana Vannucchi é graduada em Comunicação Social, licenciada em Filosofia e Editora-chefe do site Acervo Filosófico.

William Blake foi um pintor e poeta inglês, que enquadra-se e costuma ser associado ao Romantismo (mais especificamente, como um pré-romântico), embora a totalidade de suas produções também possua aspectos pertencentes ao Simbolismo.

Blake era excêntrico. Suas produções foram amplamente recusadas durante o período em que foram criadas, pois estavam além de qualquer padrão estilístico vigente. E se suas pinturas e poesias foram mal vistas, ressalte-se que o próprio artista foi considerado louco e foi constantemente desprezado por seus contemporâneos. Porém, Blake nunca pareceu incomodar-se com rótulos e atributos direcionados a ele ou ao seu material artístico.

“Blake foi o primeiro artista, depois da Renascença, que se rebelou conscientemente contra os padrões aceitos da tradição, e não podemos criticar os seus contemporâneos porque o consideraram chocante”. (GOMBRICH, 1999, p. 490).

O habitual desapego do artista inglês para com as normas e costumes de seu tempo, resultou em grande pobreza material, e conta-se que ele só não morreu de fome porque algumas poucas pessoas acreditaram em seu potencial e assim, ajudaram-no a sobreviver no cotidiano.

Blake certamente foi um dos artistas mais herméticos que já existiu. Sua ênfase em temáticas religiosas e místicas se expressa por meio de figurações, fato que dificulta compreensões lógicas de suas obras. É um artista singular porque talvez só possa ser lido/interpelado claramente, quando o espectador distancia-se da matéria e desliga-se da racionalidade, pois Blake utilizou-se de uma linguagem que se traduz de maneira espiritual. Talvez seja neste ponto que resida sua genialidade, já que a razão parece fracassar diante de suas obras. E, aliás, essa falha da lógica em tentativas de compreensão das produções do artista, parecem terem sido construídas propositalmente, já que Blake, assumidamente encarava com recusa o avanço excessivo do racionalismo. A arte, para ele, pertencia a um campo interior, ao espírito, à intuição. Giulio Carlo Argan (1988, p. 35) menciona sobre a maneira como o artista inglês interpretava a arte: “A Arte, segundo ele (Blake), é conhecimento intuitivo não mais das coisas individuais, mas das forças eternas e sobre-humanas da criação”.

Ressalte-se que Blake viveu num período histórico de grandes acontecimentos, tendo presenciado a Revolução Industrial e o Iluminismo. Este contexto o levou a acreditar na arte como uma atividade que, naturalmente, encontra-se aquém dos limites do campo físico, material e científico. A arte é elevação, é transcendência e consiste exatamente naquilo que a razão não explica e da qual a razão não faz parte.

Referências:

  1. ARGAN, Giulio. Arte Moderna. 1988. São Paulo: Companhia das Letras.
  2. GOMBRICH, Ernst. A História da Arte. 1999. Rio de Janeiro: LTC.

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JULIANA VANNUCCHI
Sorocaba – São Paulo
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