
Rosângela Vig é Artista Plástica e Professora de História da Arte.
O Lápis Branco
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais”
(PESSOA in CASTRO, 2008, p. 45)
Edgar Allan Poe foi brilhantemente traduzido por Fernando Pessoa. Nessa passagem do poema, a cena noturna, silenciosa, lembra um lugar sombrio. Talvez uma floresta à noite (Figuras 1 e 2), seja tão sombria quanto a cena de Edgar Allan Poe. As árvores, parcialmente envolvidas pela luz tênue da lua, deixam que a claridade permeie e que componha misterioso cenário. A floresta repleta de detalhes convida a adentrar, com a alma de artista.
Para produzir esse trabalho, foi utilizado papel tamanho A4, preto, sem textura, com gramatura 160; lápis de cor branco e lápis de cor preto; e esquadro. O lápis de cor branco foi de fundamental importância para dar destaque à cena. Muitas vezes essa cor de lápis é descartada de um estojo, mas seu uso sobre papel de cores mais escuras, pode tornar belo qualquer trabalho. Fiz esse desenho em pouco tempo, trabalhei livremente, sem me preocupar com o rigor da forma. Talvez seja essa a maneira mais deliciosa de se fazer a Arte.
Minha cena iniciou com um leve traço no sentido horizontal, no meio do papel, feito com o lápis branco, usando o esquadro, para que meu horizonte ficasse reto. A partir daí, risquei o rio, no sentido vertical, em ponto de fuga. As árvores foram traçadas às margens do rio, em riscos soltos, de baixo para cima. A partir dos troncos, fiz os galhos, meio retorcidos e angulosos, também de baixo para cima, com riscos soltos e curtos. As copas das árvores foram então levemente pintadas, porque só aparecem suas partes inferiores, que estão sob efeito da luz. Ao fundo da cena, quase pronta, falta apenas a luz que vem do ponto de fuga, no centro da folha. No rio, o reflexo é maior à medida que se aproxima da origem da luz. A partir daí, em virtude da correnteza da água, a luz vai se dissipando, para a parte inferior do papel.
Fiz o acabamento da cena com o lápis preto, reforçando as sombras das árvores sobre o chão e sobre os próprios galhos que não ficaram iluminados. Risquei o mato, ao longo das margens do rio, com o lápis branco, e com o lápis preto, de cima para baixo, em riscos soltos e rápidos.
E a noite segue paisagem afora, encantadoramente reservada e melancólica. Nos silêncios da noite taciturna, a escuridão pode ser surreal, assustadora. Ou ainda, pode ser que a um coração arrebatado pelo lirismo o olhar extraia somente a poesia da lua permeando as árvores. Cabe ao espírito fazer sua interpretação.
Confira o vídeo da produção da obra Floresta à noite:
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Referências:
CASTRO, Léa Viveiros. A Filosofia da Composição. Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2008.
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As figuras:
Fig. 1 – Floresta à noite, com lápis de cor branco, Rosângela Vig.
Fig. 2 – Floresta à noite, com giz pastel oleoso branco, Rosângela Vig.
Fig. 3 – Barco à noite, com lápis de cor branco, Rosângela Vig.
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ROSÂNGELA VIG
Sorocaba – São Paulo
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