4 poemas de cordel para conhecer e apreciar a literatura nordestina

Poemas impressos em pequenos folhetos carregam parte da história do Nordeste brasileiro, abordando contos populares e outros temas da região

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A Literatura de Cordel é um material tipicamente nordestino, sendo uma das heranças deixadas pelos europeus na época da colonização.

Esses textos consistem em poemas impressos em pequenos folhetos e expostos em varais feitos de barbante. Antigamente, existia todo um comércio em torno dessas histórias, e até hoje a tradição perdura no Nordeste brasileiro, trazendo poesias que abordam contos populares, lendas folclóricas, críticas sociais e mais.

A origem da poesia de cordel data da Idade Média, sendo algo muito popular na Europa desde o século XI. A sociedade evoluiu, mas a prática perdurou, até que os colonizadores portugueses finalmente a trouxeram para solo brasileiro.

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Esse tipo de literatura acabou criando raízes no Nordeste, com os primeiros poetas brasileiros surgindo por volta de 1750.

Contudo, os nativos que eram alfabetizados eram minoria na época. No começo, os versos eram citados oralmente em praças públicas e acompanhados de violas.

A maioria dos poemas era proferida na base do improviso, e assim permaneceu até o fim do século XIX, quando esse tipo de literatura começou a chamar a atenção dos acadêmicos.

O século XX marcou o início da Literatura de Cordel tradicional no Brasil, com seus primeiros autores vendendo poesias impressas.

Para aqueles que desejam conhecer melhor a Literatura de Cordel e apreciar mais a cultura nordestina, existem alguns poemas que são referência no gênero.

A maioria deles é bem longa, mas apresenta em detalhes como funciona o estilo de escrita e a abordagem dos temas, que varia muito de autor para autor. Confira uma lista com algumas poesias de destaque:

O poeta da roça – Patativa do Assaré

Patativa do Assaré foi um poeta cearense que nasceu no sertão nordestino, tendo crescido nos campos e trabalhado na roça desde muito pequeno.

Apesar de não ter permanecido na escola por muito tempo, estudou o suficiente para se tornar alfabetizado e começou a escrever seus primeiros poemas aos 12 anos.

A poesia “O poeta da roça” narra um pouco da sua juventude no sertão, trazendo detalhes sobre a rotina intensa de trabalho e traçando um paralelo com a vida dos milhares de brasileiros que passam suas vidas nas zonas rurais.

A escrita é informal e replica os vícios de linguagem do povo da região, trazendo mais autenticidade para os versos.

O Mal e o Sofrimento – Leandro Gomes de Barros

Leandro Gomes de Barros é considerado o primeiro cordelista brasileiro, título que é homenageado no dia 19 de novembro, quando é celebrado o Dia do Cordelista.

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Sua obra inclui mais de 240 poemas e serviu de inspiração para outros grandes nomes do modernismo no Brasil, como Carlos Drummond de Andrade.

Seu poema “O Mal e o Sofrimento” retrata de forma tocante o sofrimento recorrente dos residentes do sertão, exaltando pontos como a miséria, a fome e o desgaste do trabalho braçal.

Nos versos, o poeta conversa diretamente com Deus e questiona o motivo de a divindade permitir que sua criação permaneça sofrendo até o fim da sua vida.

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Ai se sesse – Zé da Luz

O poeta paraibano Zé da Luz foi outro grande nome do gênero, publicando toda a sua obra ao longo da primeira metade do século XX.

Seu poema “Ai se sesse” sai um pouco do foco da vida dura do sertão e traz uma história direcionada ao romance, misturando diversos elementos de fantasia que estavam muito à frente do seu tempo.

Nos versos, Zé da Luz narra a trajetória de um casal que viveu e morreu junto. Ao chegar na porta do céu, São Pedro se recusa a deixá-los entrar, criando uma discussão resolvida de um modo tradicional da região: em uma briga de peixeiras. Irritado, o homem pega uma faca e “rasga o bucho do céu”, libertando todos os seres fantásticos que ali vivem.

Em 2001, o poema foi homenageado pela banda Cordel do Fogo Encantado, que recitou seus versos na canção “Ai se sesse”.

O Romance do Pavão Misterioso – José Camelo de Melo Resende

José Camelo de Melo Resende foi um dos maiores cordelistas brasileiros, autor de um dos poemas mais famosos do gênero: O Romance do Pavão Misterioso.

A obra foi adaptada para inúmeras mídias, incluindo televisão, teatro, música, cinema e histórias em quadrinhos, muitas vezes sendo combinada com trechos do clássico Mil e Uma Noites, um compilado de contos originados do Oriente Médio.

O Romance do Pavão Misterioso é um conto narrado em versos, contando a história do nobre turco Evangelista e da condessa grega Creusa, que se apaixonam platonicamente.

Misturando elementos fantásticos e românticos, acompanhamos o plano audacioso de Evangelista, que constrói um pavão mecânico para voar até o topo da torre onde sua amada é mantida prisioneira e salvá-la das garras de um pai tirano.

Este poema, assim como os demais, são excelentes materiais de estudo para quem está cursando faculdade de letras, além de servirem como uma boa porta de entrada para a literatura nordestina.

Texto elaborado pela equipe da Conversion.

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